Folha de S. Paulo


Avião com ex-médico condenado por estupros deixa Foz do Iguaçu (PR)

O ex-médico Roger Abdelmassih embarcou do aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu (PR) pouco depois das 13h20 desta quarta-feira (20) num voo direto para São Paulo. Preso no Paraguai no dia anterior, ele passou a noite numa cela na Polícia Federal paranaense.

Especializado em reprodução humana, Abdelmassih foi condenado em 2010 a 278 anos de prisão por 48 estupros cometidos contra 37 mulheres. Ele estava foragido desde janeiro de 2011 e liderava a lista de procurados da Secretaria da Segurança de Pública de São Paulo.

O ex-médico embarcou num avião da própria Polícia Federal. Ele foi transferido da delegacia para o aeroporto de Foz num forte esquema de segurança, escoltado por agentes federais.

Na aeronave da PF, o delegado Marcos Paulo Pimentel e dois agentes acompanham o preso na viagem até São Paulo.

Abdelmassih passou a noite numa cela ao lado de um preso suspeito de contrabando. Assim como outros detentos da Polícia Federal de Foz do Iguaçu, Abdelmassih comeu as mesmas refeições servidas no local e só teve direito a falar, por telefone, uma vez com a mulher, que continua na capital paraguaia.

Segundo o promotor Luiz Henrique Dal Poz, a Polícia Federal chegou ao paradeiro do ex-médico após cruzamento de informações da Promotoria e da própria PF. O Ministério Público investigava suposta lavagem de dinheiro praticada pelo médico, além de suposta falsidade ideológica e falsidade documental.

Editoria de Arte/Folhapress

O CASO

O caso foi denunciado pela primeira vez ao Ministério Público em abril de 2008, por uma ex-funcionária do médico, e revelado pela Folha em janeiro de 2009. Depois, diversas pacientes com idades entre 30 e 40 anos bem-sucedidas profissionalmente disseram ter sido molestadas quando estavam na clínica de Abdelmassih.

As mulheres dizem ter sido surpreendidas por investidas do especialista quando estavam sozinhas –sem o marido e sem enfermeira presente (os casos teriam ocorrido durante a entrevista médica ou nos quartos particulares de recuperação). Três afirmam ter sido molestadas após sedação.

Formalmente, Abdelmassih foi acusado de estupro contra 39 ex-pacientes, mas como algumas relataram mais de um crime, há 56 acusações contra ele. Desde que foi acusado pela primeira vez, Abdelmassih negou por diversas vezes ter praticado crimes sexuais contra ex-pacientes. O médico afirma que foi atacado por um "movimento de ressentimentos vingativos".

Abdelmassih também já chegou a afirmar que as mulheres que o acusam podem ter sofrido alucinações provocadas pelo anestésico propofol.


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