Folha de S. Paulo


Roger Abdelmassih será transferido para presídio de celebridades, em SP

O ex-médico Roger Abdelmassih será transferido para o presídio de Tremembé (a 147 km de São Paulo), conhecido como "Presídio de Caras", quando chegar à capital paulista na tarde desta quarta-feira (20). Ele será levado até o aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, onde será entregue para a Polícia Civil.

O ex-médico deve chegar por volta das 16h. De acordo com o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, após o desembarque a polícia vai realizar um boletim de ocorrência de recaptura do foragido e também o exame de corpo de delito no próprio aeroporto.

"Tremembé não recebe preso à noite então estamos querendo ganhar tempo, vamos agilizar, mas para nós ele é um preso comum e está sendo tratado como preso comum."

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Imagens: André Monteiro

A prisão de Tremembé é conhecida pelo grande número de famosos que cumprem pena no complexo penitenciário. Para a prisão, já foram levados o jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves, condenado pela morte da ex-namorada, a jornalista Sandra Gomide; Lindemberg Alves, condenado por matar a namorada Eloá Pimentel; e Alexandre Nardoni, condenado pela morte da sua filha Isabella.

Uma das vítimas de Abdelmassih, Vanuzia Lopes Gonçalves está no local aguardando a chegada do ex-médico. "Para nós é uma felicidade muito grande a prisão. É uma liberdade porque quando ele foi solto eu fiquei presa".

Abdelmassih foi preso nesta terça (19), em Assunção, capital do Paraguai, após ficar três anos foragido. Ele foi condenado a 278 anos de prisão por 48 estupros cometido contra 37 mulheres, e estava entre os dez criminosos mais procurados de São Paulo, com uma recompensa de R$ 10 mil para quem passasse informações que levassem a sua prisão.

O ex-médico Roger Abdelmassih passou a noite numa cela ao lado de um preso suspeito de contrabando. Assim como outros detentos da Polícia Federal de Foz do Iguaçu, Abdelmassih comeu as mesmas refeições servidas no local e só teve direito a falar, por telefone, uma vez com a mulher, que continua na capital paraguaia.

Segundo o promotor Luiz Henrique Dal Poz, a Polícia Federal chegou ao paradeiro do ex-médico após cruzamento de informações da Promotoria e da própria PF. O Ministério Público investigava suposta lavagem de dinheiro praticada pelo médico, além de suposta falsidade ideológica e falsidade documental.

Editoria de Arte/Folhapress

O CASO

O caso foi denunciado pela primeira vez ao Ministério Público em abril de 2008, por uma ex-funcionária do médico, e revelado pela Folha em janeiro de 2009. Depois, diversas pacientes com idades entre 30 e 40 anos bem-sucedidas profissionalmente disseram ter sido molestadas quando estavam na clínica de Abdelmassih.

As mulheres dizem ter sido surpreendidas por investidas do especialista quando estavam sozinhas –sem o marido e sem enfermeira presente (os casos teriam ocorrido durante a entrevista médica ou nos quartos particulares de recuperação). Três afirmam ter sido molestadas após sedação.

Formalmente, Abdelmassih foi acusado de estupro contra 39 ex-pacientes, mas como algumas relataram mais de um crime, há 56 acusações contra ele. Desde que foi acusado pela primeira vez, Abdelmassih negou por diversas vezes ter praticado crimes sexuais contra ex-pacientes. O médico afirma que foi atacado por um "movimento de ressentimentos vingativos".

Abdelmassih também já chegou a afirmar que as mulheres que o acusam podem ter sofrido alucinações provocadas pelo anestésico propofol.


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