Folha de S. Paulo


Paraguai expulsou Abdelmassih por falta de documentos, diz delegado

O ex-médico Roger Abdelmassih foi expulso do Paraguai por falta de documentos. A informação foi dada à Folha pelo delegado da Polícia Federal Marcos Paulo Pimentel.

Abdelmassih foi preso nesta terça-feira (19) após uma força-tarefa entre a Polícia Federal do Brasil e a polícia paraguaia. Ele deve chegar a São Paulo no início da tarde desta quarta-feira (20). Passou a noite numa cela, ao lado de contrabandista, na PF de Foz do Iguaçu.

Segundo o delegado, a estratégia acordada entre as polícias dos dois países foi prender o ex-médico por irregularidades na migração. Abdelmassih estava no Paraguai sem permissão de entrada ou visto.

"Ele foi preso e expulso sumariamente por estar ilegal no Paraguai", afirmou Pimentel, que acompanhou a transferência de Abdelmassih de Assunção até a Polícia Federal em Foz do Iguaçu.

TRANSFERÊNCIA ATRASADA

A expectativa da PF era que o ex-médico chegasse às 13h no aeroporto de Congonhas, mas houve atraso no envio de uma aeronave de Brasília para pegá-lo em Foz.

Segundo o delegado, Abdelmassih não ofereceu resistência em Assunção, mas ficou muito nervoso ao receber a voz de prisão. Ele foi encontrado quando saía de um estabelecimento comercial na capital paraguaia em companhia da mulher.

O ex-médico foi condenado a 278 anos de prisão por 48 estupros cometidos contra 37 mulheres. Ele estava foragido desde janeiro de 2011. Condenado em novembro de 2010, liderava a lista de procurados da Secretaria da Segurança de Pública de São Paulo.

O CASO

O caso foi denunciado pela primeira vez ao Ministério Público em abril de 2008, por uma ex-funcionária do médico, e revelado pela Folha em janeiro de 2009. Depois, diversas pacientes com idades entre 30 e 40 anos bem-sucedidas profissionalmente disseram ter sido molestadas quando estavam na clínica de Abdelmassih.

Editoria de Arte/Folhapress

As mulheres dizem ter sido surpreendidas por investidas do especialista quando estavam sozinhas –sem o marido e sem enfermeira presente (os casos teriam ocorrido durante a entrevista médica ou nos quartos particulares de recuperação). Três afirmam ter sido molestadas após sedação.

Formalmente, Abdelmassih foi acusado de estupro contra 39 ex-pacientes, mas como algumas relataram mais de um crime, há 56 acusações contra ele. Desde que foi acusado pela primeira vez, Abdelmassih negou por diversas vezes ter praticado crimes sexuais contra ex-pacientes. O médico afirma que foi atacado por um "movimento de ressentimentos vingativos".

Abdelmassih também já chegou a afirmar que as mulheres que o acusam podem ter sofrido alucinações provocadas pelo anestésico propofol.


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