Folha de S. Paulo


Abdelmassih ficou 'nervoso', mas não resistiu à prisão, diz delegado

O delegado da Polícia Federal que acompanha o caso de Roger Abdelmassih, Marcos Paulo Pimentel, disse em entrevista concedida à imprensa em Foz do Iguaçu (PR), na noite desta terça-feira (19), que as investigações sobre o paradeiro dele começaram no último dia 11 e tiveram a colaboração das forças de segurança do Paraguai.

O ex-médico foi preso por volta de 12h30, em Assunção, capital do Paraguai. Segundo o delegado, ele não ofereceu resistência, mas ficou muito nervoso ao receber a voz de prisão. Ele foi encontrado quando saía de um estabelecimento comercial na capital paraguaia em companhia da mulher.

O delegado disse que as primeiras informações são de que Abdelmassih vivia no país vizinho havia cerca de três anos. "A princípio ele teria saído do Brasil por via terrestre, de forma clandestina, mas ainda não sabemos por qual cidade brasileira ele passou", disse.

Segundo o delegado, Abdelmassih vivia muito bem com a família em Assunção, em uma casa com empregada e babá. A mulher e os filhos permaneceram em Assunção.

"Era uma casa de bom nível em um bairro bom. Aparentemente ele não tinha nenhuma rotina, não se dedicava a nenhuma atividade e não exercia a profissão de médico ao que nos consta", disse.

Abdelmassih vai passar a noite na delegacia da Policia Federal em Foz do Iguaçu (PR) e seguirá para São Paulo na manhã desta quarta-feira (20).

Roger Abdelmassih foi condenado a 278 anos de prisão por 48 estupros cometidos contra 37 mulheres. Ele estava foragido desde janeiro de 2011. Condenado em novembro de 2010, liderava a lista de procurados da Secretaria da Segurança de Pública de São Paulo.

O promotor Luiz Henrique Dal Poz disse mais cedo que a Polícia Federal chegou ao paradeiro do ex-médico após cruzamento de informações da Promotoria e da própria PF. O Ministério Público investigava suposta lavagem de dinheiro praticada pelo médico, além de suposta falsidade ideológica e falsidade documental.

O CASO

O caso foi denunciado pela primeira vez ao Ministério Público em abril de 2008, por uma ex-funcionária do médico, e revelado pela Folha em janeiro de 2009. Depois, diversas pacientes com idades entre 30 e 40 anos bem-sucedidas profissionalmente disseram ter sido molestadas quando estavam na clínica de Abdelmassih.

Editoria de Arte/Folhapress

As mulheres dizem ter sido surpreendidas por investidas do especialista quando estavam sozinhas –sem o marido e sem enfermeira presente (os casos teriam ocorrido durante a entrevista médica ou nos quartos particulares de recuperação). Três afirmam ter sido molestadas após sedação.

Formalmente, Abdelmassih foi acusado de estupro contra 39 ex-pacientes, mas como algumas relataram mais de um crime, há 56 acusações contra ele. Desde que foi acusado pela primeira vez, Abdelmassih negou por diversas vezes ter praticado crimes sexuais contra ex-pacientes. O médico afirma que foi atacado por um "movimento de ressentimentos vingativos".

Abdelmassih também já chegou a afirmar que as mulheres que o acusam podem ter sofrido alucinações provocadas pelo anestésico propofol.


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