Folha de S. Paulo


Investigação de lavagem de dinheiro levou à prisão de Abdelmassih, diz Promotoria

O promotor Luiz Henrique Dal Poz disse que a Polícia Federal chegou ao paradeiro do ex-médico Roger Abdelmassih, preso nesta terça-feira (19) depois de três anos foragido, após cruzamento de informações da Promotoria e da própria PF. O Ministério Público investigava suposta lavagem de dinheiro praticada pelo médico.

Abdelmassih, condenado a 278 anos de prisão por 48 estupros cometido contra 37 mulheres, foi preso em Assunção, capital do Paraguai.

Segundo o promotor, durante a investigação de pessoas que ajudavam o ex-médico na fuga, surgiu a informação do paradeiro do médico, possivelmente na América do Sul.

Essa investigação apura, segundo ele, suposta falsidade ideológica, falsidade documental e lavagem dinheiro. "Passamos para a PF que é a destinatária legítima para esse tipo de atuação", disse Dal Poz.

"Felizmente, prevaleceu a Justiça. Prevaleceu o trabalho eficiente das instituições. Seja da polícia, seja do Ministério Público. Finalmente, ele vai poder, agora, completar o ciclo da verdadeira Justiça que ele foi investigado, processado e condenado. Agora, vai cumprir a pena que ele foi imposta. Este é o nosso desejo".

Abdelmassih estava foragido desde janeiro de 2011. Condenado em novembro de 2010, ele liderava a lista de procurados da Secretaria da Segurança de Pública de São Paulo.

Quem o encontrasse poderia levar R$ 10 mil, o maior valor oferecido pela pasta. A prisão ocorreu no início da tarde de hoje, numa ação da Polícia Federal brasileira e da polícia paraguaia.

Secretaria Nacional de Antidrogas do Paraguai/Divulgação
Ex-médico Roger Abdelmassih é preso no Paraguai após três anos foragido
Ex-médico Roger Abdelmassih é preso no Paraguai após três anos foragido

FAMA

O ex-médico Roger Abdelmassih era um dos mais famosos especialistas em reprodução assistida do país.

O caso foi denunciado pela primeira vez ao Ministério Público em abril de 2008, por uma ex-funcionária do médico, e revelado pela Folha em janeiro de 2009.

Depois, diversas pacientes com idades entre 30 e 40 anos bem-sucedidas profissionalmente disseram ter sido molestadas quando estavam na clínica de Abdelmassih.

Editoria de Arte/Folhapress

As mulheres dizem ter sido surpreendidas por investidas do especialista quando estavam sozinhas —sem o marido e sem enfermeira presente (os casos teriam ocorrido durante a entrevista médica ou nos quartos particulares de recuperação). Três afirmam ter sido molestadas após sedação.

Formalmente, Abdelmassih foi acusado de estupro contra 39 ex-pacientes, mas como algumas relataram mais de um crime, há 56 acusações contra ele. Desde que foi acusado pela primeira vez, Abdelmassih negou por diversas vezes ter praticado crimes sexuais contra ex-pacientes. O médico afirma que foi atacado por um "movimento de ressentimentos vingativos".

Abdelmassih também já chegou a afirmar que as mulheres que o acusam podem ter sofrido alucinações provocadas pelo anestésico propofol.


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