Folha de S. Paulo


Sabesp pede a cliente caixa d'água capaz de abastecer imóvel por um dia

Em resposta à onda de queixas de falta de água em São Paulo, a Sabesp está mandando cartas a clientes, orientando-os a manter caixas-d'água capazes de abastecer os imóveis por 24 horas.

Segundo a estatal, ter o equipamento do tamanho adequado e corretamente instalado evita "os problemas que poderão ocorrer por ocasião de interrupções no abastecimento", sejam "programadas" ou "emergenciais".

Desde ao menos abril, a Sabesp vem reduzindo em 75% a pressão da água distribuída à noite para aliviar o sistema Cantareira –o principal da Grande São Paulo, em crise desde o início do ano. A medida afeta em especial os moradores de áreas mais altas.

Ao recomendar a instalação de caixas-d'água, a Sabesp cita decreto da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que diz que os reservatórios são obrigatórios em locais de trabalho e em prédios, sem dar mais detalhes.

A norma determina que se sigam os padrões da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para as caixas, que estabelecem que sua capacidade seja suficiente para abastecer o imóvel por um dia, sem contar a reserva contra incêndios.

Segundo o professor de arquitetura do Mackenzie Antonio Eduardo Giansante, é responsabilidade da concessionária fornecer água potável a qualquer imóvel a até 10 metros de altura, sem que este precise ter reservatório.

"Na prática, porém, a caixa-d'água é recomendável a todos, pois, com o crescimento desordenado das cidades, a rede muitas vezes não dá conta de abastecer a população adequadamente", diz.

Ele afirma que reservatórios muito grandes podem dar problemas, pois a água pode ficar parada por longos períodos e perder o cloro, que a protege principalmente de bactérias. "O melhor é ter uma caixa-d'água com capacidade para 24 horas e higienizá-la a cada seis meses."

A pedido da Folha, a Sabesp fez simulações com base no consumo médio de clientes. Um casal sem filhos, em que ambos trabalhem fora, gasta em média 400 litros por dia –e, portanto, deve ter uma caixa-d'água com esta capacidade. Já uma família com dois filhos gasta o dobro.

Um restaurante que atende 200 pessoas no almoço e no jantar consome em média 4.800 litros por dia.

Para saber o consumo diário, basta verificar na conta a quantidade gasta no mês e dividi-la por 30. O resultado será a capacidade indicada para a caixa.

Numa visita técnica da Sabesp, o Espaço Parlapatões, na praça Roosevelt (centro), recebeu carta orientando sobre os reservatórios. "De que adianta entregarem esse ofício bonito e cortarem a água na rua? Não dá para encher a caixa-d'água", diz o administrador Eduardo Carvalho.

A Sabesp diz que a pressão da água na praça é suficiente e está dentro das normas.

Gustavo Queirolo/Davi Garroux/Editoria de Arte/Folhapress

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