Folha de S. Paulo


Cantareira libera mais água para evitar racionamento em Campinas

Para evitar o racionamento de água em Campinas, terceira cidade mais populosa de São Paulo, o sistema Cantareira está liberando mais água para o interior do Estado pela quarta vez neste ano –a terceira em menos de dois meses.

A vazão de água para os rios da bacia PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí) foi ampliada em 33% na segunda-feira (6), de 3 m³/s para 4 m³/s, após solicitação da Sanasa (empresa de água e esgoto de Campinas) ao DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica), do governo do Estado.

"Os 4 m³/s do Cantareira são suficientes [para evitar o racionamento], salvo se tiver uma retirada maior de água do rio", diz Marco Antônio dos Santos, diretor técnico da Sanasa e vice-presidente do Comitê de Bacias PCJ. "Se mantiver essa situação, não precisa racionar."

A mesma medida já foi adotada três vezes em 2014 (fevereiro, junho e julho), quando a vazão do rio Atibaia, que abastece 95% da cidade de Campinas e é formado por dois rios do Cantareira, chegou próximo do limite para que o racionamento fosse decretado na cidade.

Na primeira delas, em fevereiro, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou o aumento da vazão do Cantareira para a região um dia após a Folha revelar que a Sanasa havia represado o Atibaia e estava captando toda a água, interrompendo o fluxo do rio. No dia em que a reportagem foi publicada, a Sanasa foi autuada pela ANA (Agência Nacional de Águas).

Hoje, a vazão do rio caiu ao mesmo nível de fevereiro.

Em junho e julho, quando a situação era menos crítica, o aumento da vazão ocorreu em caráter "excepcional" por ANA e DAEE, gestores do sistema Cantareira, "para minimização dos efeitos de estiagem".

CALAMIDADE PÚBLICA

Embora Campinas (a 93 km de SP) não tenha decretado racionamento de água, diversas cidades do interior de São Paulo, como Itu e Valinhos, estão com restrições no abastecimento há mais de seis meses.

Em Itu (a 101 km de SP), a prefeitura tem até esta quinta-feira (7) para responder a questionamentos feitos pelo Ministério Público, entre eles o porquê de ainda não ter sido decretado estado de calamidade pública na cidade devido a problemas no abastecimento.

Em nota, a Prefeitura de Itu informou que "cada item será respondido pontualmente, com embasamento documental e análises técnicas, o que demanda de todo o prazo concedido". "Seguindo os trâmites jurídicos de costume, as respostas deverão ser prioritariamente comunicadas ao próprio Ministério Público ainda na data de hoje."

Segundo a assessoria de imprensa do Ministério Público, os promotores responsáveis pelo inquérito civil que investiga a falta de água na cidade só irão se pronunciar após analisar as respostas.


Endereço da página: