Folha de S. Paulo


Edith Reiser Fóes (1913-2014) - Centenária, administrou uma rádio

Edith Fóes era uma mulher forte, independente, que nunca se abatia com os efeitos da passagem do tempo.

Nascida em Itajaí (SC), quando se viu viúva, tomou as rédeas da gestão do negócio da família: uma rádio.

Todos os dias, Edith cumpria um ritual: ia até a rádio para conferir se tudo estava "no lugar". Os deslocamentos nos últimos 20 anos foram em duas rodas. Edith fraturou um fêmur e viveu imobilizada numa cadeira de rodas, mas a rotina não mudou.

A idosa continuou a preparar o almoço de domingo para a família. Na Páscoa, desafiava todos a encontrar no quintal os ovos que decorava. E ainda era voluntária em um abrigo. Dizia que apesar de centenária "não se achava velha", conta o filho Célio.

Quando jovem, chamava a atenção pela beleza e simpatia, que lhe rendeu o posto de rainha do Carnaval de Itajaí.

Sempre recordava que o marido certa vez sabotou as rodas do ônibus em que estava para impedi-la de participar de um evento carnavalesco. O ônibus tombou, mas ela garantiu a presença na festa.

Foi casada por 47 anos com o funcionário público Alfredo. Ostentou a posição de primeira-dama em três municípios de Santa Catarina (Tubarão, Caçador e Ibirama). Na época, o marido foi nomeado para ser prefeito.

Era uma mulher de muitos amigos, devota de vários santos e que adorava uma cerveja. "Refrigerante enferruja. Cerveja é diurética", dizia.

Morreu no sábado (26), aos 101 anos, devido a uma broncopneumonia. Deixa quatro filhos, dez netos, quatro bisnetos e mais um trineto, além do irmão de 83 anos.

coluna.obituario@uol.com.br


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