Folha de S. Paulo


Após 5 meses ajudando Cantareira, volume do Alto Tietê cai à metade

Ernesto Rodrigues - 22.jul.2014/Folhapress
Curso d'água seco de represa no Alto Tietê, em Salesópolis (a 101 km de SP)
Curso d'água seco de represa no Alto Tietê, em Salesópolis (a 101 km de SP)

Cinco meses após começar a atender usuários do Cantareira, o nível do sistema Alto Tietê, o segundo maior abastecedor da Grande São Paulo, caiu pela metade, chegando a 21,2% nesta terça (29).

Em fevereiro, a capacidade do Alto Tietê era o dobro da atual, em torno de 42%.

A redução drástica de nível revelou o fundo de represas e resumiu cursos d'água a filetes. No ritmo atual, o sistema pode esvaziar por completo em menos de seis meses, caso não chova.

Desde 10 de março, o Alto Tietê passou a abastecer bairros da zona leste paulistana originalmente atendidos pelo Cantareira, como Penha, Ermelino Matarazzo, Cangaíba, Carrão e Vila Formosa.

Na mesma época, o sistema Guarapiranga, o terceiro maior da região metropolitana, também começou a socorrer o Cantareira.

O objetivo era reduzir a pressão sobre o maior sistema da Grande São Paulo, que à época tinha apenas 16% de capacidade e ainda não usava o volume morto –reserva de água que fica abaixo das comportas das represas e, por isso, precisa ser bombeada.

O nível do sistema é hoje semelhante ao do início de março –era 15,7% ontem, mesmo após ter recebido o aporte extra do "volume morto".

Editoria de arte/Folhapress

FUNDO DAS RESERVAS

O governo de São Paulo vem tentando evitar a adoção de um racionamento neste ano, em que Geraldo Alckmin (PSDB) disputa a reeleição.

Diz que o abastecimento está garantido até março, previsão contestada por especialistas e pelo governo federal, com base no esvaziamento acelerado das represas.

Na semana passada, a Sabesp pediu aos órgãos reguladores autorização para retirar 25 bilhões de litros do "volume morto" do Alto Tietê, e outros 100 bilhões do Cantareira. A empresa diz que os volumes não são necessários no momento, e que os solicitou por prevenção.

No caso do Alto Tietê, como o sistema é estadual, a Sabsep depende apenas da autorização do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), que fica sob o guarda-chuva da Secretaria de Recursos Hídricos do Estado.

Em nota, o DAEE disse que autorizou a Sabesp a fazer uma outra obra de captação na represa Biritiba-Mirim e que "caso haja necessidade, [a obra] poderá ser usada para captação da reserva".


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