Folha de S. Paulo


Carro e moto absorvem 79% do custo da mobilidade urbana, diz pesquisa

O transporte individual representa 79% dos custos da mobilidade nas maiores cidades do país, aponta pesquisa da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos).

O levantamento estimou, com base em 2012, tanto os custos individuais, como o gasto de passageiros com tarifas e de motoristas com combustível, quanto os custos arcados pelo poder público, como a manutenção de ruas e avenidas nas cidades.

Também entraram na conta gastos referentes a poluição e acidentes de trânsito.

A entidade coletou informações de 438 municípios com mais de 60 mil habitantes. Neles vivem 119 milhões de pessoas (61% da população) e circulam 40 milhões de veículos (71% da frota).

No total, segundo a entidade, a "conta" da mobilidade urbana em 2012 foi de R$ 205,8 bilhões, o equivalente a 5% do PIB de todo o país.

Segundo a pesquisa, a maior parte da conta é bancada pelos usuários de carro e moto, que consumiram 13,2 bilhões de litros de gasolina.

Mas enquanto o transporte individual responde por 31% das viagens, recebe três vezes mais recursos públicos do que os meios coletivos.

Apesar do desequilíbrio, em 2012 foi registrado leve aumento da participação do transporte coletivo nos custos da mobilidade. Foi a maior desde o início do levantamento, em 2003.

"Os investimentos em transporte coletivo estão aumentando, mas ainda é gasto muito mais na manutenção do sistema viário para o carro", diz Luiz Carlos Néspoli, superintendente da ANTP.

A falta de prioridade aos meios coletivos, segundo a ANTP, acaba penalizando os usuários. O transporte público representa 29% das viagens, mas é responsável por 49% do tempo gasto com a mobilidade urbana.

Enquanto as viagens de transporte individual em cidades menores duram 8 minutos, em média, a de transporte coletivo nas cidades com mais de um milhão de habitantes levam 37 minutos.

Custo da mobilidade - 2012 R$ bilhões % do total
TRANSPORTE INDIVIDUAL 162,9 79%
Custo individual (1) 138
Custo público (2) 7,9
Emissão de poluentes 4
Acidentes de trânsito 13
TRANSPORTE COLETIVO 42,9 21%
Custo individual (1) 36
Custo público (2) 2,4
Emissão de poluentes 2,3
Acidentes de trânsito 2,2
TOTAL 205,8

Fonte: ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos)
(1) Recursos gastos pelos usuários (tarifa, combustível, valor dos veículos etc.)
(2) Recursos gastos pelo poder público para o funcionamento do transporte (porcentagem do valor da infra-estrutura viária)

CONGESTIONAMENTOS

Outro estudo, promovido pela Firjan (Federação das Indústrias do Rio), afirma que os congestionamentos nas regiões metropolitanas do Rio e de São Paulo custaram mais de R$ 98 bilhões em 2013 –ou 2% do PIB do país.

O cálculo considera quanto as pessoas deixaram de produzir, em média, durante o tempo em que ficaram presas em filas no trânsito.

Também entram na equação gastos extras com combustível que, segundo a federação, podem ser de até 40%.

Nos 39 municípios da região metropolitana de São Paulo, os congestionamentos atingiram, em média, 300 km por dia em 2013, levando a um custo de R$ 69,4 bilhões. De acordo com as estimativas da Firjan, se não houver investimento significativo no transporte de massa, os congestionamentos poderão atingir 357 km em 2022, ao custo de R$ 120 bilhões.

Já nas 20 cidades que formam a região metropolitana do Rio, a média diária de engarrafamento foi de 130 km, com prejuízo econômico de R$ 29 bilhões em 2013. A estimativa é de que em 2022 a extensão dos congestionamentos poderá atingir 182 km e o custo seja de R$ 40 bilhões no ano.

Entre técnicos de transporte e economistas, não há consenso sobre a metodologia mais adequada para calcular os custos da mobilidade.

Mas os dois lados concordam que a solução passa por ampliação da rede de transporte público e uma organização que aproxime emprego e moradia para reduzir a necessidade de grandes deslocamentos.

Colaborou a Sucursal do Rio


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