Folha de S. Paulo


Servidores da Prefeitura de SP atuam em partido durante o expediente

A movimentação durante a semana é frenética no sobrado amarelo da Bela Vista (região central) onde fica a sede do PP (Partido Progressista). Entre os frequentadores mais assíduos do local estão funcionários públicos da Cohab, órgão da prefeitura responsável por construir casas populares em São Paulo.

Nomeados no ano passado, eles têm salários de até R$ 13 mil pagos pelo município, mas deixam o expediente e usam até carro oficial para atuar em tarefas partidárias.

A Cohab é controlada por indicados do deputado federal Paulo Maluf desde o início da gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), em 2013. A direção da companhia foi uma das concessões feitas para o PP apoiar o prefeito.

A Folha acompanhou a movimentação na sede da legenda desde o último dia 17.

Assessor especial da Cohab, Fernando Martins Pizo, tesoureiro do PP, foi flagrado de quinta (17) a terça (22) na sede do partido. "Ele chega às 8h e vai embora às 18h todos os dias", disse uma secretária do partido ao telefone.

Funcionários da companhia dizem que Pizo só frequentava o órgão para assinar a folha de presença dos funcionários.

Na sexta-feira (25), após a Folha questionar a prefeitura sobre as ausências, Pizo foi demitido.

Ao longo da semana, a reportagem flagrou outros quatro servidores da Cohab diversas vezes na sede do PP ou no comitê de campanha para deputado federal de Guilherme Ribeiro, na Mooca (zona leste). Ele é filho de Jesse Ribeiro, braço direito do deputado federal Paulo Maluf.

É o caso de Igor Willenshofer, presidente da ala de jovens do PP; Marco Polo Calandriello, secretário do grupo; Bruno Pires dos Anjos; e Ivaldo Silva, o Silvinho.

Na manhã da última quinta (24), a Folha foi à Cohab para procurar Willenshofer. "Ele está em reunião externa", disse a secretária, ao ser questionada sobre o paradeiro do servidor. No mesmo horário, a reportagem flagrou ele e seu colega Silvinho no comitê político de Guilherme.

A Folha ligou para a Cohab diariamente na última semana procurando os servidores filiados ao PP. Em apenas uma ocasião conseguiu encontrar Willenshofer e Calandriello.

Na quarta, Carlos Eduardo Ribeiro, irmão de Guilherme e assistente especial da Cohab, foi ao PP em um Cobalt preto alugado pela companhia por R$ 2.200 mensais. Um motorista, também pago pela prefeitura, o aguardava.

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Colaborou MOACYR LOPES JUNIOR


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