Folha de S. Paulo


Família de vigilante vai pedir indenização de hospital, afirma advogado

O advogado da família do vigilante Nelson França, 48, que morreu em frente a um hospital particular na zona leste de São Paulo, disse que vai processar a unidade médica e funcionários do local por danos morais e materiais, além de pedir uma indenização.

De acordo com o advogado Ademar Gomes, o vigilante era o principal responsável pela renda familiar, o que justifica o pedido de indenização.

"Ela [indenização] pode chegar, ao todo, a R$ 1,5 milhão", disse Gomes, que também afirmou que vai pedir uma pensão para os filhos da vítima, que têm entre 10 e 14 anos.

Segundo o cunhado do vigilante Delcídio de Souza, 57, além da mulher, três filhos e uma enteada, França sustentava também uma irmã e dois filhos dela. Todos vivem numa casa de dois cômodos na Cidade Tiradentes (zona leste).

O vigilante foi deixado em frente ao Hospital e Maternidade Santo Expedito, em Itaquera (zona leste), na noite de quarta-feira (16) pelo motorista e cobrador da lotação em que ele estava, após passar mal.

Imagens gravadas por uma câmara de celular mostram dois funcionários observando a vítima no chão em frente à unidade médica sem tocá-la ou levá-la para dentro.

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"Não escolhemos o lugar onde ter um mal súbito, se o levaram para esse hospital era porque eles estavam próximos deste hospital", afirmou o cunhado de França.

A filmagem, feita por uma mulher que acompanhava a mãe para uma consulta, serão usadas nas investigações da polícia e do Conselho Regional de Medicina.

"Nós esperamos justiça em tudo, que o hospital e a diretoria sejam responsabilizados. Os funcionários também tem que ser responsabilizados por terem cumprido uma ordem absurda [de não prestar socorro]. Ordem absurda não se cumpre", disse Souza.

O Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo) informou que abriu nesta segunda-feira (21) uma sindicância para apurar os fatos e as responsabilidades sobre a morte do vigilante.

O advogado da família disse que entrará em contato com o conselho para acompanhar os trabalhos do órgão que irá analisar possível omissão de socorro.

Segundo o advogado, um inquérito policial para investigar criminalmente os responsáveis também foi aberto. Até o início da tarde desta segunda-feira (20), a polícia tinha ouvido o cunhado e cunhada do vigilante e a mulher que fez a filmagem em frente ao hospital, de acordo com Gomes.

Em nota, o hospital diz que abriu sindicância interna. "Caso seja apurada a responsabilidade de algum profissional, a diretoria do hospital não hesitará em punir com rigor os eventuais envolvidos. O Hospital Santo Expedito não corrobora de forma alguma com qualquer tipo de omissão de seus profissionais", diz o texto.


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