Folha de S. Paulo


Com Plano Diretor, cidade sai da mão dos especuladores, afirma Haddad

O prefeito Fernando Haddad (PT) afirma que o Plano Diretor aprovado tira o destino da cidade da mão dos especuladores imobiliários.

"As pessoas vão demorar para se dar conta de quão avançado esse plano é", afirmou o prefeito.

Nos últimos meses, a discussão e a tramitação do projeto envolveram muitas negociações e protestos.

O prefeito diferencia o mercado imobiliário, definido por ele como "potencial amigo quando regulado", dos especuladores. "Eu chamo de especulador aquele que reserva terra para ganhar com a valorização artificial", explicou Haddad.

Para o prefeito, ao ser estabelecido pagamento de taxa para toda construção acima do limite básico (uma vez o tamanho do terreno), quem passa a ganhar com a valorização é a cidade, não o especulador.

Para o prefeito, "se o espaço aéreo está sendo estatizado", a superfície da cidade está voltando ao público, com faixas exclusivas de ônibus, ciclovias.

Ele diz que o impacto das novas diretrizes depende do estoque de projetos protocolados até a data da sanção, que ainda estarão sujeitos às regras antigas.

O prefeito afirma que a ideia do plano é reverter a lógica do "bairro da vez", com muitos lançamentos de imóveis e pouca infraestrutura. "O caso típico é o Itaim Bibi, com prédios de 30 andares e ruas de oito metros."

SOBRADINHOS

Uma das críticas ao plano vem do estímulo ao adensamento de áreas de sobradinhos próximas do metrô ou de corredores.

Haddad admite que é difícil manter esse tipo de imóvel nos eixos de transporte. "Agora, com esse imóvel que está no eixo de mobilidade certamente dá para comprar duas casas no miolo do bairro", diz.

O mercado não se mostra tão entusiasmado com o plano, que é criticado pelo alto valor das taxas cobradas para construção acima do limite básico.

Haddad afirma que os valores poderão ser revistos no futuro, já que o plano prevê essa possibilidade.

Para aprovar o plano, além das pressões do mercado, houve muitos obstáculos por parte da própria base. Segundo ele, foi feito um trabalho de acolhimento das emendas que não ferem "a organicidade do plano".

Editoria de Arte/Folhapress

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