Folha de S. Paulo


Sabesp garante que água do 'volume morto' é adequada ao consumo

Após tomar conhecimento dos casos relatados pela reportagem, a Sabesp garantiu, por meio de nota, que a água fornecida pela empresa tem boa qualidade.

A companhia de saneamento diz ter avaliado quatro casos em cada uma das ruas visitadas pela Folha.

Nas 12 avaliações, afirma, o resultado mostra que a água está adequada ao consumo.

Para especialistas, a água branca é, na maioria das vezes, fruto de uma alteração de pressão na tubulação que distribui a água. O ar que sai pela torneira acaba deixando o líquido translúcido.

O cloro, por ser incolor, pode ser percebido pelo cheiro, e não pela coloração.

Nos dois casos, segundo os técnicos, deixar a água de repouso por até meia hora pode eliminar a coloração branca ou o odor.

Problemas de saúde decorrentes da água podem ser causados também por limpeza precária na caixa-d'água ou por contaminação devido a problemas no tratamento de esgoto de algum local específico da cidade.

A Sabesp também garante que a água do volume morto, que fica abaixo do nível de captação das represas, não tem qualidade inferior.

A afirmação está ancorada principalmente em análises feitas pela Cetesb, a agência ambiental paulista, que também é do governo do Estado.

No mês de abril, os testes feitos na represa de Jacareí, uma das que formam o sistema Cantareira, mostraram que os índices de metais na água estavam em conformidade com os parâmetros internacionais de qualidade.

Do ponto de vista microbiológico, as avaliações mostraram que não existem coliformes fecais em quantidades acima das permitidas pela legislação em vigor.

Técnicos da ANA (Agência Nacional de Águas) também dizem que não há motivo para a população se preocupar com a qualidade da água do volume morto, que está sendo usado para abastecer 9 milhões de pessoas na região da Grande São Paulo.

CRISE

Atualmente, o sistema Cantareira está com 23,3% de sua capacidade, de acordo com dados da última sexta-feira (13). Se o volume morto não estivesse sendo utilizado, o nível estaria em 4,8%.

Desde que o uso da reserva foi anunciado, há um mês, o nível dos reservatórios vem caindo, em média, pouco mais de 0,1 ponto percentual ao dia.

Nesse ritmo, a quantidade de água que a Sabesp tem autorização para retirar das represas –praticamente metade do volume morto total–acaba em março de 2015.

Depois disso, a expectativa da companhia é que os reservatórios voltem a encher com a temporada de chuvas.

Se isso não acontecer, a empresa terá que obter mais uma autorização dos órgãos competentes, entre eles a ANA, para usar ainda mais água do volume morto.

Para a direção da ANA, o mais indicado seria restringir a captação agora e liberá-la se as chuvas voltarem nos próximos meses do ano.

Num cenário mais crítico, se as chuvas ficarem muito abaixo da média histórica, a primeira parte do volume morto acabará antes, já em outubro de 2014.


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