Folha de S. Paulo


Pais contrários a vacinação preocupam médicos no país

As duas filhas de Tatiana Peres, 29, pegaram coqueluche neste ano. Maria Clara, que tem três anos e meio, chegou a desmaiar duas vezes
de tanto tossir.

Ela passou para Isabela, de seis meses, que está na quinta semana da doença. Nenhuma recebeu a vacina contra a coqueluche nem qualquer outra do calendário oficial.

"Dou as vacinas periódicas da homeopatia", diz Tatiana, que é formada em gastronomia. "Tenho medo de dar as vacinas do calendário e elas desenvolverem doenças hereditárias", afirma.
Na Europa e nos EUA, a incidência de doenças passíveis de prevenção subiu pela queda na vacinação.

No Brasil, o movimento antivacina ainda é minoritário. Mas, em 2011, 26 casos de sarampo na Vila Madalena (zona oeste de São Paulo) acenderam o alerta vermelho.

Editoria de Arte/Folhapress

Eles começaram com uma criança não vacinada por opção da família e atingiram outras não imunizadas, inclusive sete bebês menores de um ano -somente após essa idade é indicada a vacina.
Para médicos, a queda no número de vacinados é uma das causas do aumento da coqueluche no Brasil.

Em 2012, houve 5.295 registros da doença no país, 135% a mais que no ano anterior. Entre crianças de 1 a 4 anos, a incidência subiu de 0,5 caso por 100 mil habitantes em 2010 para 8,1 em 2012.

"O aumento no número de pessoas não imunizadas mantém a bactéria da coqueluche em circulação", diz José Cássio Moraes, professor da faculdade de medicina da Santa Casa. Outras causas do aumento da incidência seriam a menor eficácia da vacina atual e ciclos da doença.

No segundo semestre deste ano, os postos de saúde passarão a vacinar as grávidas contra coqueluche para proteger os recém-nascidos, já que crianças abaixo de 4 meses ainda não receberam as duas doses da vacina, e, portanto, ainda não estão completamente imunizadas.

No Brasil, a vacinação é obrigatória por lei. As escolas deveriam monitorar a imunização dos alunos, mas, muitas vezes, não são rigorosas.

Com idades entre 5 e 11 anos, os três filhos da atriz Lianna Matheus, 41, não foram vacinados. "Já fiquei muito insegura com minha decisão, mas até agora, eles só tiveram catapora", afirma.

Segundo ela, seu médico diz que as vacinas, entre outros problemas, podem causar autismo e outras doenças.

Uma revisão de dez estudos, com mais de 1,2 milhão de crianças, porém, reafirmou na semana passada que vacinas não causam autismo.


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