Folha de S. Paulo


Motoristas e cobradores fecham ao menos seis terminais de ônibus em SP

Motoristas e cobradores fecharam ao menos seis terminais de ônibus na cidade de São Paulo, na manhã desta terça-feira (20). Segundo a SPTrans, os terminais, Lapa, Pirituba e Pinheiros, na zona oeste, Sacomã, na zona sul, e Princesa Isabel e Amaral Gurgel, na região central, foram travados pelos manifestantes.

Há problemas também no expresso Tiradentes, informou a empresa responsável pelo transporte público em São Paulo.

De acordo com o sindicato da categoria, trata-se de um protesto de um grupo dissidente que não concorda com o acordo salarial fechado com as empresas de ônibus. A proposta acordada com as companhias prevê um reajuste salarial de 10%, além de aumento nos valores do vale-refeição e na participação nos lucros.

Atualmente, o piso salarial de motoristas é de R$ 1.955, e o de cobradores, R$ 1.130. A proposta de reajuste salarial foi aprovada pela categoria em assembleia nesta segunda-feira (19).

Os manifestantes pedem um reajuste de pelo menos 33%, vale refeição de R$ 22 –atualmente o valor é de R$ 15,30– e melhorias na cesta básica e plano de saúde da categoria.

"A inflação passou de 6%, com 10% [de aumento] a gente não recebe nada", disse um motorista que não quis se identificar. Segundo Edvaldo Santiago, secretário de finanças do Sindicato dos Motoristas, a entidade que representa a categoria foi "pega de surpresa" com a manifestação.

"É uma surpresa isso. A votação foi unânime ontem. Ainda vamos discutir coisas como o aumento para quem dirige [ônibus] articulado", afirmou Santiago. De acordo com ele, há uma reunião com as empresas de ônibus marcada para esta quarta-feira (21) e outra para quinta-feira (22) para debater pontos finais do reajuste salarial.

Ainda não há um número de pessoas afetadas por este protesto que começou na região do Largo Paissandu, que está tomada pelos manifestantes. Eles estacionaram os coletivos também na avenida Rio Branco, próximo ao terminal Princesa Isabel, na faixa exclusiva. Apesar de não impedir o trânsito de carro na via, há congestionamento na avenida.

Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) às 11h havia 2 km de lentidão na via. A cidade tem 70 km de ruas e avenidas congestionadas, índice considerado alto para o dia e para o horário.

A auxiliar de limpeza Claudia Andrea, 33, caminhou 1h30 para chegar ao trabalho e foi dispensada pelo patrão quando chegou atrasada. "Queria ir para Santana tentar repor o dia, mas nem tem ônibus para ir pra lá. Perdi o dia e eu tenho filhos para sustentar. Brasileiro sofre viu", disse.

A reportagem da Folha flagrou manifestantes forçando a parada de ao menos cinco ônibus que não participavam do protesto. Os manifestantes começaram a gritar e mandar eles pararem próximo ao terminal Princesa Isabel.

Os motoristas e cobradores que lideram a manifestação pedem um posicionamento do presidente do sindicato da categoria José Valdevan de Jesus, o Noventa. O sindicato ainda não disse se o líder sindical irá se pronunciar em algum dos terminais fechados pelos manifestantes.

A SPTrans informou, por meio de nota, que a Polícia Militar foi acionada e que vai solicitar ao Ministério Público a apuração das responsabilidades sobre as paralisações registradas na manhã desta terça-feira.

"A SPTrans repudia com veemência os fatos ocorridos, como a retirada de chaves dos coletivos, impedindo sua circulação, considera os atos sabotagem ao sistema e irá agir com o rigor necessário à apuração e punição dos envolvidos e responsáveis", informou a nota.


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