Folha de S. Paulo


Usina hidrelétrica e estrada ameaçam Parque Nacional do Iguaçu

Uma das atrações turísticas mais visitadas do país, o Parque Nacional do Iguaçu recebeu um ultimato da Unesco, braço da ONU: ou toma medidas em relação à preservação, ou entrará para a lista de patrimônios da humanidade sob ameaça.

Um relatório do órgão, do início deste mês, manifestou "extrema preocupação" com o estado de conservação do parque, que abriga uma das maiores reservas de mata atlântica do país.

O documento relaciona dois grandes riscos: a construção da usina hidrelétrica do Baixo Iguaçu, a 500 metros do limite do parque, e a possibilidade de reabertura da estrada do Colono, que atravessa a unidade.

A falta de estrutura de fiscalização, o número insuficiente de funcionários e a ocorrência reiterada de caça e da exploração de madeira também são apontados como fatores problemáticos.

A inscrição na lista de patrimônio em risco é uma espécie de alerta vermelho e eleva a possibilidade de perda do título de patrimônio mundial, que hoje é um chamariz para turistas -1,5 milhão de pessoas visitam o parque por ano.

Rafael Mosna/Folhapress
Vista das cataratas do Iguaçu, no parque nacional no Paraná, patrimônio da humanidade
Vista das cataratas do Iguaçu, no parque nacional no Paraná, patrimônio da humanidade

A unidade também deixaria de receber US$ 50 mil anuais da ONU para o combate a incêndios.

"Seria um atestado de incompetência", diz a secretária-geral do WWF Brasil, Maria Cecília de Brito.

O Brasil tem até fevereiro de 2015 para apresentar um novo relatório sobre a conservação do parque. O governo federal, que diz considerar o título da Unesco "de grande importância", está mobilizando o Ministério do Meio Ambiente e o Itamaraty para responder.

Dirá que é "terminantemente contra" a reabertura da estrada do Colono, proposta em um projeto de lei a ser votado no Senado, e que tem monitorado com atenção a obra da usina do Baixo Iguaçu, integrante do PAC.

"Eu, se fosse a Unesco, tiraria [o título] de todos os monumentos do país. Tira e espera o Brasil levar isso um dia a sério", diz Clóvis Borges, diretor da SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental).

Para ele, falta orçamento e estrutura para vigiar essa e outras unidades de preservação, além de dar prioridade à política de conservação.

Colaborou TIAGO LOPES


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