Folha de S. Paulo


Às vésperas da Copa, país tem nova onda de protestos

A 35 dias do início da Copa do Mundo, uma onda de protestos voltou a ocorrer no país, direta ou indiretamente relacionados com a realização do Mundial.

Em São Paulo, quatro manifestações de sem-teto que tiveram como mote críticas aos gastos com a realização do Copa interditaram vias. Os manifestantes invadiram temporariamente sedes de três empreiteiras que fazem obras do evento –Odebrecht, OAS e Andrade Gutierrez.

A presidente Dilma Rousseff (PT) veio a São Paulo na tarde desta quinta para visitar o estádio Itaquerão, sede da abertura da Copa do Mundo. O líder do movimento sem-teto de São Paulo, Guilherme Boulos, foi recebido pela presidente para discutir a construção de novas moradias populares.

No Rio, a população amanheceu praticamente sem ônibus. Motoristas e cobradores estão em greve por 24 horas. Pelo menos 325 ônibus foram depredados durante a manhã em vários ataques pela cidade. Eles reivindicam aumento de salário.

Situação parecida foi enfrentada na Grande Florianópolis. Mais de 300 mil passageiros ficaram sem transporte coletivo por causa de uma paralisação de motoristas e cobradores.

Já na região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais, moradores bloquearam dois trechos da BR-040 entre a capital mineira e Brasília. O grupo quer melhorias no transporte coletivo.

Em Curitiba, cerca de 500 pessoas que vivem em invasões interditaram uma rodovia federal, em protesto por melhores condições de moradia. O grupo que faz parte do MPM (Movimento Popular por Moradia) queimou pneus e galhos na pista, e interrompeu o fluxo na BR-376, no Contorno Sul, por cerca de duas horas, entre 9h e 11h.

Protestos de militantes sem-terra e de servidores municipais em greve também causaram grandes engarrafamentos em Salvador na manhã de hoje. O protesto, segundo o movimento, reuniu cerca de 3.000 pessoas, que vinham de uma marcha de 40 km entre Camaçari (região metropolitana) e a capital.

Em Manaus, ao menos 70 mil pessoas foram afetadas por uma paralisação de três horas de motoristas do transporte público. Dois ônibus foram apedrejados por usuários revoltados com a interrupção do tráfego, e dois motoristas envolvidos na ação acabaram presos.

ONDA

Em junho do ano passado o país passou por uma onda de manifestações que teve como estopim o aumento no valor da tarifa do transporte público em diversas cidades. Os atos reuniram milhares de pessoas nas mais diversas cidades de Norte a Sul do país.

A violência, tanto por parte de manifestantes quanto pelo uso excessivo da força policial, também marcou as manifestações de 2013. O clima de instabilidade nacional fez com que governos voltassem atrás, suspendessem os reajustes tarifários e propusessem mudanças estruturais.

Dilma chegou a falar, em cadeia nacional, para propor um plebiscito que iria discutir a reforma política no Brasil. A presidente propôs ainda uma assembleia constituinte, o uso do dinheiro dos royalties do petróleo para a saúde e educação e a redução no número de ministérios como uma forma de acalmar os ânimos da ruas.


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