Folha de S. Paulo


Nível do reservatório do sistema Cantareira volta a cair e chega a 9,6%

O nível do reservatório do sistema Cantareira voltou a cair e atingiu mais um recorde histórico na manhã desta quarta-feira. Segundo relatório da Sabesp, o reservatório está com apenas 9,6% de sua capacidade total –índice considerado crítico.

O local onde está o reservatório passa pela pior estiagem dos últimos 84 anos, o que agrava ainda mais o quadro do sistema.

Segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), a capital paulista já está há 24 dias sem chuva significativa. Desde o início do mês choveu 0,2 mm na região do Cantareira –a média para maio é de 83,2 mm.

A última chuva significativa registrada na capital paulista ocorreu em 12 de abril. Uma frente fria, no entanto, deve se aproximar da região amanhã e provocar chuvas fracas.

O manancial Cantareira é responsável pelo abastecimento de parte da capital e de municípios da Grande São Paulo. No total mais de 8 milhões de pessoas recebem água do sistema Cantareira diariamente. O reservatório ainda atende municípios da região de Campinas, no interior do Estado.

FALTA DE ÁGUA

Uma pesquisa do Instituto Data Popular revelou que a falta d'água no Estado de São Paulo afetou 23% dos paulistas nos últimos três meses. O índice sobe para 35% na região metropolitana, contra 30% na capital e 14% no interior.

O problema é duas vezes maior entre as famílias de menor renda, atingindo 12% dos que ganham mais de dez salários-mínimos e 25% entre os que recebem até um salário.

Mesmo com o agravamento da crise, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o secretário de Saneamento de Recursos Hídricos, Mauro Arce, afirmaram nos últimos dias que descartam a possibilidade de racionamento neste ano.

O secretário disse ainda que o nível do Cantareira subirá 18,5% quando o "volume morto" (reserva de água na zona mais funda das represas) começar a ser utilizado, em 15 de maio.

O problema, segundo especialistas, é que o uso do "volume morto" das represas do sistema Cantareira vai atrasar a recuperação dos reservatórios quando a chuva voltar. Isso se deve a uma espécie de "efeito esponja", que ocorre em áreas muito secas que voltam a receber chuva.

O "volume morto" é formado pela água que está no nível mais profundo das represas. Por ficar abaixo da tubulação que capta o líquido dos reservatórios, ela precisa ser bombeada para a superfície.

Se o próximo verão não tiver temporais fortes e constantes, o risco de desabastecimento dos 9 milhões de pessoas que usam o Cantareira pode se repetir em 2015.


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