A Parada do Orgulho Gay de São Paulo, considerada uma das maiores do mundo, entra hoje em sua maioridade voltada para o combate à violência contra homossexuais no país.
Relatório divulgado em fevereiro pelo Grupo Gay da Bahia indicou que, em 2013, o país registrou 312 assassinatos de gays, travestis e lésbicas, sendo os Estados de Pernambuco e São Paulo os mais violentos para esse público.
Apesar de o número ter recuado 7,7% em relação ao de 2012, as organizações gays colocam o Brasil como um dos países mais violentos do mundo com o segmento.
Renato S. Cerqueira/Futura Press/Folhapress | ||
Banheiros químicos instalados em calçada da avenida Paulista para a 18ª Parada Gay |
"Precisamos criminalizar a 'homolesbotransfobia' [fobia contra as diversas orientações sexuais] e vamos usar a parada deste ano para cobrar isso. Ninguém aguenta mais os relatos de crimes cruéis praticados contra gays no Brasil", afirma Fernando Quaresma, presidente da associação que organiza o ato.
Para Quaresma, a maioridade do evento marca também um momento de comemorar conquistas que o movimento gay realizou ao longo dos últimos 18 anos.
"Vivíamos na invisibilidade. Relações entre gays não existiam para a sociedade. Avançamos no reconhecimento de nossos parceiros para fins de previdência e de dependência em planos de saúde, sem falar no casamento entre pessoas do mesmo sexo, que hoje é permitido em todos os cartórios do país."
Uma das maiores novidades para a 18ª edição do evento foi a inédita divulgação de apoio da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo aos direitos dos gays.
O órgão cobrou em nota às pessoas de "boa vontade e, em particular, a todos os cristãos" que reflitam sobre as "profundas injustiças" a que está exposto o público LGBT e que se empenhem ativamente na sua superação.
OCUPAÇÃO
De acordo com a Secretaria Municipal do Turismo, R$ 3,2 milhões são movimentados com a parada, principalmente pelos cerca de 80 estabelecimentos voltados para o público gay na cidade, como bares, restaurantes, casas noturnas, saunas e clubes de sexo.
A ocupação de hotéis econômicos da região da avenida Paulista e do centro, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado de São Paulo, ficou em torno de 90% com o evento.
No ano passado, segundo o Datafolha, 220 mil pessoas estiveram na parada, que foi prejudicada pela chuva.
A previsão do tempo indica sol para este domingo, com chance de pancadas de chuvas rápidas e isoladas.
A concentração para a parada começa às 10h, em frente ao teatro Gazeta. Os 14 trios-elétricos começam a desfilar ao meio-dia. O evento deve se encerrar às 19h, na rua da Consolação, em frente à igreja de mesmo nome.
A partir das 19h, shows musicais gratuitos vão fechar as comemorações em torno do orgulho gay na avenida Ipiranga.
Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a avenida Paulista será interditada a partir das 10h: os trechos bloqueados estão entre as ruas Teixeira da Silva e Augusta (no sentido Consolação) e entre as rua Padre João Manuel e a avenida Brigadeiro Luís Antonio (no sentido Paraíso). Às 11h30, a interdição será estendida até a rua da Consolação. A partir das 12h, a própria Consolação será bloqueada.
A avenida Ipiranga está interditada desde às 6h e só deverá ser liberada no fim do evento, que se encerra às 21h30.
editoria de arte | ||
Ruas do centro são interditadas por causa da Parada Gay |
PARADA GAY EM NÚMEROS
Ao todo, 14 trios elétricos vão participar. Haverá carros de órgãos públicos, ONGs, sindicatos e de patrocinadores do evento
R$ 3 milhões é custo total da parada. Recursos públicos e privados serão direcionados para infraestrutura, segurança e atendimento de saúde
2.496 policiais e guardas-civis serão responsáveis pela segurança
28 ambulâncias. No total serão 142 leitos para atendimento de saúde. Em 2013, 712 pessoas foram atendidas no local e 87 precisaram seguir para hospitais