Folha de S. Paulo


Nível do sistema Cantareira não para de cair e atinge 10,5%

O nível do sistema Cantareira registrou um novo recorde negativo nesta quinta-feira (1º) operando com 10,5% de sua capacidade total. Desde o começo da semana, o manancial opera com capacidade abaixo de 11%, marca atingida pela primeira vez na história segundo a Sabesp.

O índice é considerado crítico e a falta de previsão de chuva para a capital paulista pode agravar o problema.

O manancial Cantareira é responsável pelo abastecimento de parte da capital e de municípios da Grande São Paulo. No total mais de 8 milhões de pessoas recebem água do sistema diariamente. O reservatório também atende municípios da região de Campinas, no interior do Estado.

A Sabesp faz manobras durante a madrugada em determinadas regiões de São Paulo. Durante o período, a empresa diminui a pressão no encanamento e reduz o fornecimento de água em determinadas áreas. A água só volta durante a manhã, geralmente esbranquiçada por conta do aumento do uso de cloro.

Em abril, 81% dos consumidores abastecidos pelo sistema Cantareira reduziram o consumo, segundo a Secretaria Estadual de Saneamento e Recursos Hídricos.

Uma parcela de 39% dos consumidores se habilitou para o bônus de 30% anunciado para quem reduzisse o consumo (em 20%).

O plano de bônus foi estendido para mais 11 cidades: Bragança Paulista, Piracaia, Nazaré Paulista, Joanópolis, Vargem, Pinhalzinho, Paulínia, Itatiba, Morungaba, Monte Mor e Hortolândia. O benefício começará a valer hoje para esses municípios.

MENOS ÁGUA

O comunicado mensal publicado pela ANA (Agência Nacional de Águas) em conjunto com o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) voltou a reduzir o volume máximo de água que a Sabesp pode retirar do sistema Cantareira. O limite, que era de 24,8 metros cúbicos por segundo, caiu para 22,4 metros cúbicos por segundo.

Uma nova avaliação do limite de retirada será feita em 15 dias.

O comunicado também determina que deverá ser definido, nos próximos meses, um limite para o uso do chamado "volume morto" dos reservatórios.

Essa água, que fica no fundo das represas, é a esperança do governo para manter o abastecimento até novembro, quando se espera que volte a chover sobre o Cantareira.

SOBRETAXA

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou ontem que a Arsesp, agência estadual de saneamento básico, aprovou o pedido de sua gestão para sobretaxar quem aumentar seu consumo de água na Grande SP.

De acordo com Alckmin, pré-candidato às eleições para o governo do Estado em outubro, o assunto agora será analisado pela Procuradoria do Estado, que deverá emitir parecer nos próximos dias.

Caberá ao órgão jurídico detalhar como será feita a cobrança da sobretaxa. Quando anunciou a medida, no dia 22 de abril, Alckmin disse que a taxa seria de 30% sobre o valor da conta de água. Casos excepcionais seriam analisados separadamente.

A medida tem gerado polêmica. Para instituições como OAB e Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), a sobretaxa é ilegal.

Editoria de Arte/Folhapress

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