Vereadores de PV e PSDB atribuíram culpa ao prefeito Fernando Haddad (PT) pelo protesto de ontem dos sem-teto -e enfrentaram a reação de parlamentares petistas, que acusaram os colegas na Casa de irresponsabilidade.
"É terrorismo, responsabilizo o prefeito, que há alguns dias insuflou tais movimentos a vir a coagir os vereadores", disse Gilberto Natalini (PV), em referência a uma declaração do prefeito no mês passado, durante um protesto do movimento sem-teto.
Na época, Haddad foi alvo de uma manifestação diante da prefeitura, mas subiu no carro de som do grupo e fez uma promessa condicionada à atuação dos vereadores.
O petista disse que declararia como de interesse social (para habitação) uma invasão da zona sul conhecida como Nova Palestina. Mas ressaltou que isso dependeria da aprovação do Plano Diretor pela Câmara -levando os sem-teto a pressionar os vereadores no mesmo dia.
"O primeiro estímulo a isso [protestos] foi do prefeito Fernando Haddad", declarou Floriano Pesaro (PSDB). "A truculência é inadmissível. Jogaram pedras na sala da liderança do PSDB e sabiam que ali era a sala do partido."
O presidente municipal do PT, Paulo Fiorilo, chamou a acusação de irresponsável.
"A confusão está ligada à expectativa de votar. É inadmissível a oposição querer culpar o Haddad. Isso é irresponsabilidade", disse.
A liderança do PT na Câmara divulgou uma nota de repúdio pela tentativa de responsabilizar o prefeito.
"Se houve qualquer responsabilidade, foi da própria oposição, que de todas as maneiras possíveis obstruiu o andamento da discussão."
A Folha deixou recado para a assessoria de Haddad à noite, mas não teve resposta até a conclusão desta edição.
A confusão na Câmara ocorreu depois que o presidente da Casa, José Américo (PT), anunciou que não haveria tempo para ler duas propostas, de PSDB e PSD, para alterações no Plano Diretor –uma delas tinha mais de 500 páginas. Nova sessão seria reaberta de madrugada, e a votação pode ser de manhã.