Folha de S. Paulo


Após enterro de dançarino, passeata tem tumulto e bombas no Rio

Um grupo de pessoas que participou do enterro do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, 26, o DG, na tarde desta quinta-feira fez uma passeata fechando ruas na região de Copacabana, na zona sul do Rio. Houve um princípio de tumulto e policiais militares usaram bombas contra manifestantes.

Amigos e parentes de DG saíram do cemitério São João Batista, em Botafogo, por volta das 16h20, quando iniciou o protesto. Comerciantes da região chegaram a fechar as portas enquanto o grupo caminhada pela região.

O protesto era acompanhado por cerca de cem homens do Batalhão do Choque e da PM e, por volta das 16h40, quando os manifestantes chegaram na esquina das ruas Sá Ferreira e Nossa Senhora de Copacabana, próximo ao Pavão-Pavãozinho, eles se concentraram.

Um desentendimento entre os manifestantes e os policiais deu origem a uma briga. A polícia reagiu com spray de pimenta e bombas de gás, dispersando o grupo.

Depois da dispersão, os manifestantes subiram a favela, seguidos pelo Batalhão de Choque, que lançava bombas. Não há informações de pessoas feridas.

ENTERRO

O corpo do dançarino foi enterrado ao som de funks. DG era dançarino do programa "Esquenta", da TV Globo, e integrante do grupo Bonde da Madrugada.

A apresentadora Regina Casé foi ao enterro e falou que DG era "excelente profissional, alegre, as crianças amavam". "Se fosse uma pessoa que eu nunca vi na vida, que eu não conhecesse, eu ficaria chocada de qualquer maneira com a forma brutal como foi morto", disse Casé, emocionada.

O enterro foi marcado também por protestos e faixas dos moradores contra a ação policial. A morte dele já havia causado uma série de protestos na noite da última terça-feira (22), que resultaram na morte de um outro rapaz.

O laudo da polícia aponta que DG tinha 'perfuração de arma de fogo'. O secretário de segurança pública, José Mariano Beltrame, afirmou que esse tiro teria matado o dançarino e não descartou a participação de PMs da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do morro Pavão-Pavãozinho, onde aconteceu o crime.

A mãe de DG, Maria de Fátima, diz acreditar que ele foi torturado antes de morrer. Durante o enterro do rapaz, ela afirmou que vai recorrer à ONG Anistia Internacional para "levantar a bandeira dos direitos humanos no Brasil e pedir justiça por meu filho".


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