Folha de S. Paulo


Equipes iniciam nesta quinta-feira a retirada de bimotor que caiu no PA

Equipes de busca do Exército, FAB (Força Aérea Brasileira) e bombeiros iniciam nesta quinta-feira a retirada do bimotor que caiu há mais de um mês em uma área de difícil acesso, aproximadamente 20 km a noroeste de Jacareacanga (PA). A aeronave, com cinco pessoas a bordo, havia desaparecido no dia 18 de março.

O delegado Lucivelton dos Santos, titular da Delegacia de Jacareacanga, avalia que o resgate dos ocupantes será difícil porque a aeronave está submersa em uma área alagada na mata fechada e apenas com a cauda visível. Segundo informações preliminares de policiais militares do CME (Comando de Missões Especiais), o avião está com as portas travadas e não se quebrou na queda.

Segundo o delegado, após o resgate os corpos das vítimas serão levados ao aeroporto de Jacareacanga para serem transportados de avião ao IML (Instituto Médico Legal) em Itaituba. Até o momento, a FAB informou que ainda não é possível confirmar a situação dos ocupantes do bimotor.

O avião levava cinco pessoas, entre tripulantes e passageiros. Havia partido de Itaituba, no sudoeste do Pará, com destino a uma aldeia indígena de Jacareacanga.

Além do piloto, Luiz Feltrin, a aeronave transportava o motorista, Ari Lima, e as técnicas de enfermagem Rayline Sabrina Brito Campos, Luciney Aguiar de Sousa e Raimunda Lúcia da Silva Costa. Todos prestavam serviço ao Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) Rio Tapajós no atendimento de saúde em aldeias da etnia mundurucu.

O caso ganhou visibilidade porque a passageira Rayline Campos conseguiu enviar mensagens de celular para um tio antes da queda da aeronave.

"Tio to [sic] em temporal e um motor parou. Avisa [sic] a mãe que a amo", escreveu. "O avião vai cair. Reza [sic] por nós", completou.

BUSCAS

Segundo a FAB, após receber informações sobre possíveis indícios do avião, militares fizeram buscas por terra numa área de mata densa e encharcada. Após chegar ao ponto indicado, a equipe confirmou que se tratava da aeronave Beechcraft 58 Baron, prefixo PR-LMN.

A área da queda, afirmou a FAB, já havia sido sobrevoada por "diversas vezes". "Mas as condições da região não permitiam o avistamento aéreo", informou a Aeronáutica.

Ao todo, as buscas envolveram 50 militares durante 35 dias, um helicóptero e três aviões, em mais de 230 horas de voo e a área coberta de 28 mil km² sobrevoados, equivalente a cinco vezes o território do Distrito Federal.

O mau tempo na região, com nevoeiros, a cheia do rio Tapajós e a vegetação dificultaram os trabalhos.

ANOS NA MATA

Durante as buscas, uma aeronave da FAB especializada na prospecção de destroços localizou estruturas metálicas em uma região de mata fechada apontada por um garimpeiro como o local onde o bimotor teria sido visto em baixa altitude.

Os destroços, no entanto, pertenciam a um monomotor que caiu em 1988, segundo o Grupamento Aéreo do Estado.

Na época, de acordo com o diretor do Grupamento, Josilei Gonçalves, o piloto -único ocupante da aeronave- sobreviveu à queda. "Os destroços desse acidente aéreo ficaram desaparecidos durante todos esses anos", afirmou Gonçalves.

O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) apura as causas do acidente.


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