Folha de S. Paulo


HC faz aniversário em meio a reformas que somam R$ 350 milhões

Maior centro hospitalar da América Latina, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP comemora 70 anos no próximo sábado com um pacote de obras avaliado em R$ 350 milhões.

São várias frentes de trabalho para tentar reduzir os atuais gargalos, como a falta de leitos de UTI, as longas filas para a cirurgia de obesidade e o tratamento da dependência química e a superlotação da emergência do InCor (Instituto do Coração).

Entre as propostas também há a ideia de transformar a rua de acesso ao hospital, a avenida dr. Enéas Carvalho de Aguiar, em um bulevar.

Estão previstas ciclovias, calçadas adaptadas para idosos e deficientes, área de descanso, túneis de acesso e escada rolante. O projeto, ainda não finalizado, depende de aprovação da prefeitura.

Entre as obras mais importantes está a construção de um andar no Instituto Central, com 75 novos leitos de UTI -que se somarão aos 120 já existentes. A nova UTI deve estar pronta no primeiro semestre de 2015.

"Hoje temos fila de espera de pacientes graves aguardando leitos de UTI", afirma Giovanni Cerri, diretor da Faculdade de Medicina da USP.

Também estão em conclusão as obras em outra UTI, do 9º andar, que passa a ter leitos em quartos individuais.

Outra área que enfrenta longas filas no HC é a da obesidade, onde o tempo de espera por uma cirurgia bariátrica é de dois anos.

O hospital acaba de concluir um centro que permitirá dobrar o número de cirurgias, de 200 para 400 anuais, segundo Ivan Cecconello, professor titular de cirurgia do aparelho digestivo da USP.

"A demanda só cresce, é sempre muito maior do que a oferta de atendimento."

O local também passou por adaptações, com quartos maiores, banheiros reforçados e camas elétricas capazes de suportar até 400 kg.

O InCor (Instituto do Coração) também passa por reformas e ganhará em dois anos um novo bloco, com ampliação das unidades de emergência, do serviço de hemodinâmica e do hospital dia.

Segundo Roberto Kalil Filho, vice-presidente do conselho diretor do instituto, o pronto-socorro é, hoje, o maior gargalo.

"Deveria atender só pacientes graves, mas acaba recebendo desde doentes que estão morrendo até os que estão com gripe", diz.

Segundo ele, com o novo bloco, a capacidade de atendimento continuará a mesma (3.000 atendimentos/mês), mas com maior conforto e qualidade. "Hoje temos 18 macas e 16 leitos sempre ocupados. Paciente não tem que ficar internado em maca."

FORA DO COMPLEXO

Os dois hospitais auxiliares que pertencem ao HC mas ficam fora do complexo também passam por reformas e ganharão novos prédios.

No Cotoxó, na zona oeste, será construído um instituto de álcool e drogas, além de um bloco com 112 leitos para pacientes crônicos e em cuidados paliativos.

Em Suzano, o atual hospital ganhará 30 leitos, um centro diagnóstico e um novo prédio com mais 120 leitos. Metade será para atender a população da região.

Para Giovanni Cerri, apesar dos investimentos, o HC deve seguir sobrecarregado porque não há regionalização e nem hierarquização do atendimento no SUS.

"O HC deveria atender casos de altíssima complexidade, mas continua recebendo muitos pacientes de fora, sem gravidade, que poderiam ser atendidos em suas regiões."


Endereço da página:

Links no texto: