Folha de S. Paulo


Advogado diz que vai pedir anulação do júri do massacre do Carandiru

Após retirar-se do plenário para não ouvir a leitura da sentença, o advogado Celso Vendramini afirmou que vai pedir a anulação do júri que terminou nesta quarta-feira.

"Esse julgamento está nulo por causa do juiz, que fez o absurdo de liberar uma testemunha e mandou ela voltar no outro dia para ser ouvida. A testemunha deve ficar incomunicável", disse.

A condenação dos PMs afasta a possibilidade de o crime prescrever.

Não há prazo para que os recursos do júri de ontem e dos outros três, que compõem todo o processo do massacre do Carandiru, sejam analisados pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.

Após essa análise, defesa e acusação poderão recorrer aos tribunais superiores, em Brasília. O julgamento pode se estender por anos.

Vendramini recusou-se a ouvir a sentença após o juiz Rodrigo Tellini afirmar, antes da leitura, que reprovava o abandono de plenário protagonizado pelo advogado em fevereiro.

O júri que terminou hoje estava previsto para ser realizado no mês passado, mas saiu do plenário acusando o juiz de ser "parcial". O julgamento teve de ser, então, adiado e remarcado para esta semana.

Policial da Rota nos anos 1980, Vendramini assumiu a defesa dos réus do Carandiru no ano passado, em substituição à advogada Ieda de Souza, que atuou nas duas etapas iniciais.

Com discurso mais duro que a antecessora, Vendramini disse no júri anterior que preferia "um bandido morto a um policial ferido". Apesar das críticas à criminalidade, os réus acabaram sendo condenados.

Nesta semana, o defensor mudou de tom, e invocou Deus e possíveis resultados "cármicos" para tentar "evitar a condenação de inocentes".


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