Cabelão loiro escorrido até o cotovelo, roupa preta, All Star e guitarra a tiracolo. Do Rio Grande do Sul o gaúcho Paulo veio a São Paulo em 2008 para realizar um sonho: conquistar seu espaço no heavy metal nacional.
Acabou sendo convidado para duas grandes bandas. Foi guitarrista do Almah e do Astafix, lideradas por Edu Falaschi (ex-vocalista do Angra) e Wally (ex-guitarrista do CPM 22), respectivamente.
"Ele fazia umas coisas absurdas na guitarra", relembra Edu, que logo simpatizou com o "jeitão marrento e meio mal-humorado" de Paulo. Para Wally, "o cara era de outro planeta".
Divulgação | ||
Guitarrista Paulo Schroeber morreu na segunda-feira (24) aos 40 anos de idade |
"Eu, 'tchê', gosto de 'descer a lenha' na guitarra", dizia ele nas turnês Brasil afora. Após os shows, fãs formavam filas para saber que técnica toda era aquela. O cabelão deixava as meninas suspirando.
Aos seis anos, com pedaços velhos de madeira, alguns pregos e fios de náilon, montou uma "guitarra". Às vezes, transformava a janela de casa em bateria. A batucada era tanta que o vidro trincava, para desespero da mãe.
Aos 15, ganhou do pai um violão, de um amigo veio o primeiro vinil, do AC/DC, e aí passou a estudar música. Três anos depois, enveredou para o violão clássico, tocando de Villa Lobos a Bach. Se ninguém impedisse, ensaiava até 15 horas por dia, conta a família.
Também deu aulas, integrou outras cinco bandas e tocou muito cover de Pantera. Sonhava um dia ver o metal brasileiro tão valorizado quanto o tocado pelos gringos.
Morreu de miocardiopatia hipertrófica (problema no músculo do coração), na segunda-feira, aos 40. Deixa mãe, irmã e um "filho postiço", sobrinho que apelidou de "Gumgum", sua onomatopeia para o ronco da guitarra.
coluna.obituario@uol.com.br