Folha de S. Paulo


Sistema Cantareira registra chuvas abaixo da média há 2 anos

As chuvas mensais sobre o sistema Cantareira estão há aproximadamente dois anos abaixo da média histórica.

Nos últimos 24 meses, em apenas oito as chuvas estiveram acima do esperado. E, mesmo assim, só em um mês, junho de 2012, o volume de água ficou bem acima do considerado normal.

Se considerarmos um período ainda maior, desde janeiro de 2010 choveu quase mil milímetros menos do que chove em média por período. Os dados são da própria Sabesp, que mede a chuva nos reservatórios todos os dias.

Cada milímetro de chuva equivale a um litro de água por metro quadrado. Em um temporal forte em São Paulo, por exemplo, daqueles que param a cidade, chega a chover 60 mm em uma hora.

Os dados indicam que uma nova série histórica de secas está sendo incorporada aos bancos de informações oficiais -o que vai mudar o planejamento do uso do sistema Cantareira para o futuro.

O sistema foi dimensionado com base na estiagem de 1953, a mais crítica de São Paulo até hoje. Especialistas apontam, porém, que 2014 pode terminar com um volume total de chuvas ainda menor do que o daquele ano.

"Das secas intensas, a mais recente foi entre 2003 e 2004. Quando analisamos a série, percebemos que ocorre praticamente uma estiagem forte a cada dez anos", diz o professor do IAG (Instituto Astronômico Geofísico) da USP, Augusto Pereira Filho.

Para ele, embora o histórico seja um fator relevante, prognósticos climáticos que ajudem a planejar as reservas de água no Cantareira devem priorizar índices medidos todo dia, como a evaporação.

"A Sabesp só se preocupa com a água que cai, mas os reservatórios também têm uma perda considerável da água que evapora, e essa perda ainda não é medida", diz.

FORA DO PREVISTO

A Sabesp afirma que monitora adequadamente os volumes de chuva e que, apesar de eles terem sido baixos desde 2012, a crise ficou muito mais aguda no fim de 2013.

"Havia previsão de fortes chuvas para o verão, o que não ocorreu", afirma Paulo Massato, diretor da Sabesp.

Técnicos da companhia dizem que não mudariam em nada o planejamento para o último verão. Em vários outros anos, segundo eles, os níveis das represas em outubro estavam parecidos com o de 2013. Portanto não seria possível prever a atual crise do Cantareira.

Empresas e especialistas em meteorologia, no entanto, já previam que o verão 2013-2014 seria mais seco do que o normal.


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