Folha de S. Paulo


Medidas contra racionamento de água podem custar um Itaquerão

As medidas anunciadas pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) na tentativa de evitar um racionamento de água em São Paulo poderão ter um impacto financeiro equivalente à construção de mil escolas ou superior aos gastos do estádio do Itaquerão -onde haverá a abertura da Copa.

O valor pode se aproximar de R$ 1 bilhão em um ano, conforme estimativas da Folha a partir de informações divulgadas pelo Estado. Ele corresponde também ao dobro do investimento habitual da Sabesp em segurança hídrica num período de 12 meses.

O maior impacto não é de obras, mas da receita que a companhia de abastecimento deverá abrir mão com a esperada economia no consumo de água pela população.

Diante da pior crise da história do sistema Cantareira, que abastece 8,8 milhões de pessoas na Grande SP, a Sabesp lançou neste ano uma campanha para que os moradores baixem em pelo menos 20% a água usada e tenham desconto de 30% na conta.

Na prática, isso significa que a população poderá ter um gasto menor -mas, por outro lado, haverá menos recursos para investimentos.

Números oficiais mostram que, só de fevereiro ao começo de março, houve uma diminuição no consumo de água suficiente para abastecer uma cidade como Curitiba nesse mesmo período.

Questionada nas últimas semanas, a Sabesp se recusa a dizer que impacto isso tem na arrecadação da estatal.

Mas dados de consumo médio indicam que esse montante poderá atingir, no período de um ano, R$ 900 milhões -sendo R$ 200 milhões devido à redução da água utilizada e R$ 700 milhões em razão dos descontos.

A receita anual da Sabesp é próxima de R$ 11 bilhões.

'VOLUME MORTO'

Além da arrecadação que a empresa pode abrir mão, foram anunciadas obras emergenciais de R$ 80 milhões para a construção das estruturas para captação do "volume morto", água que está na parte funda das represas.

A previsão do Estado é que elas possam ficar prontas no meio do ano e que essa água que nunca foi utilizada antes possa ser suficiente para abastecer parte da Grande São Paulo por quatro meses.

A gestão Alckmin também chegou a propor a construção de um conjunto de canais e túneis para a captação de água do rio Paraíba do Sul, que abastece Rio e Minas, ao custo de R$ 500 milhões.

O projeto, porém, depende de aprovação -e só deve ter resultados no fim de 2015.

Segundo a Sabesp, foram gastos, de 1995 a 2013, cerca de R$ 9,7 bilhões em melhorias para a captação de água.


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