Folha de S. Paulo


Haddad diz que sem-teto ganharão área se Plano Diretor for aprovado

O prefeito Fernando Haddad (PT) prometeu hoje que irá revogar um decreto que destina a área da ocupação Nova Palestina à criação de um parque se o Plano Diretor for aprovado pela Câmara.

A Nova Palestina, na região do Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, é hoje a maior ocupação de sem-teto da cidade, com cerca de 8.000 famílias.

O anúncio de Haddad foi feito horas após uma manifestação de sem-teto ter bloqueado importantes avenidas da cidade. O prefeito falou de cima de um carro de som do movimento, cujos representantes haviam se reunido na prefeitura com o petista e seus secretários.

No discurso, Haddad enfatizou que o projeto do Plano Diretor que precisa ser aprovado é o substitutivo que foi apresentado hoje na Câmara pelo vereador Nabil Bonduki, também do PT. Esse projeto propõe mudar a situação do terreno da Nova Palestina que passaria a ter uma parte de proteção ambiental e outra destina a moradia popular . Essa mudança desagrada vereadores ambientalistas, que querem um parque no local.

O terreno, de 1 milhão de metros quadrados, é privado, mas, segundo o movimento dos sem-teto, os proprietários aceitariam negociar a sua venda.

A presença de Haddad no carro de som foi uma forma de ele se reconciliar com os sem-teto. Desde que a ocupação Nova Palestina se instalou na zona sul, o prefeito vinha defendendo que ali fosse feito um parque. As negativas do prefeito geraram desgaste com o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), um dos movimentos sociais mais consolidados da cidade.

"Vocês são sempre bem-vindos aqui na sede da prefeitura. Queria informar o seguinte: temos uma oportunidade única em São Paulo para a questão da habitação, que é a votação do Plano Diretor. É a lei mais avançada que a cidade já teve nas questões de habitação e transporte público", disse Haddad do alto do caminhão, sob aplausos.

"A demanda de vocês depende da aprovação do Plano Diretor para transformar a área numa Zeis [Zona Especial de Interesse Social]. Quero dizer que o decreto [que destina o terreno a um parque] será revogado na mesma oportunidade da aprovação do Plano Diretor. A luta de vocês é a luta de milhares de famílias da cidade."

Após as declarações do prefeito, os manifestantes seguiram em direção à Câmara Municipal de São Paulo, onde chegaram por volta das 15h20 e foram recebidos pelos vereadores.

Além do compromisso com a ocupação Nova Palestina, Haddad disse também que irá suspender o processo de reintegração do acampamento Dona Déda, no Campo Limpo (zona sul). A ocupação fica em terreno do município.

MAIS CEDO

A manifestação dos sem-teto fechou a avenida Rebouças, a rua da Consolação e o viaduto do Chá nesta quarta-feira (26) pela manhã.

O grupo se reuniu no largo da Batata, em Pinheiros, e caminhou até a sede da prefeitura, na região central.

Os manifestantes gritaram: "Ei, Haddad, paramos a cidade" e "É ou não piada de salão, tem dinheiro para a Copa, mas não tem para a educação".

Segundo a Polícia Militar, o ato reuniu cerca de 3.000 manifestantes. Já segundo a organização, havia cerca de 10.000 pessoas na passeata.

Eles reclamam que a prefeitura não efetivou os compromissos prometidos em janeiro, como a revogação do decreto que torna a área da Nova Palestina um parque e desapropriações para a construção de moradias populares.

Um trio elétrico e uma bateria acompanhavam a manifestação. Além da Vila Nova Palestina, há moradores das ocupações Faixa de Gaza, Dona Deda, Capadócia, Novo Pinheirinho e Estaiadinha.

Seis carros da força tática acompanharam o ato. Motos da Rocam foram à frente da marcha. Funcionários dos escritórios da Faria Lima observavam, das calçadas, a manifestação.


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