Folha de S. Paulo


Câmara barra investigação sobre a máfia do ISS

A Câmara de São Paulo barrou nesta tarde a criação de uma CPI para investigar a máfia do ISS no Legislativo. Dos 55 parlamentares, apenas 11 foram favoráveis à apuração do esquema montado por um grupo que oferecia a construtoras descontos no pagamento do Imposto Sobre Serviços em troca de propina.

Quatro auditores foram presos no ano passado sob acusação de administrar o esquema. A quadrilha foi descoberta em investigação da Controladoria do Município junto com o Ministério Público Estadual.

Pelo menos quatro vereadores que cumprem mandato chegaram a ser citados nas investigações sobre a máfia: Antônio Donato –era secretário de Governo de Fernando Haddad (PT) quando a investigação foi iniciada–, Aurélio Miguel (PR), Paulo Fiorilo (PT) e Nelo Rodolfo (PMDB). Embora citados por testemunhas, nenhum deles é acusado de nenhum crime. Todos negam qualquer relação com os auditores.

Conforme a Folha mostrou no mês passado, o Ministério Público não deve oferecer acusação contra nenhum político na primeira denúncia criminal que será enviada à Justiça.

Um dos auditores acusou Donato de receber dinheiro dele quando o petista atuava na CPI do IPTU, em 2011. O vereador diz que a acusação é absurda.

"A Câmara não quis investigar esse escândalo terrível, mas vou insistir", disse Gilberto Natalini (PV), autor do pedido de CPI.

A Câmara aprovou, porém, uma CPI para investigar áreas contaminadas na cidade, apresentada por Rubens Calvo (PMDB). Já está em andamento uma outra comissão, que apura a situação dos alvarás de casas noturnas em São Paulo.

O vereador diz que deve reapresentar o pedido, já que ainda há espaço para uma terceira comissão de investigação na Casa, conforme prevê o regimento interno.

Natalini diz que, para conseguir que seu pedido fosse registrado, colocou funcionários de plantão na porta do setor de protocolo da Casa, durante a madrugada. "Teve assessor que praticamente virou a noite aqui", disse.


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