Para Paulo Canedo Magalhães, docente da engenharia civil da UFRJ, a ligação afetaria o fornecimento de água para indústria, agricultura e cidades do Rio.
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Folha - Qual sua avaliação?
Paulo Canedo de Magalhães - Sem dúvida afetará o abastecimento do Rio e o fornecimento de água por parte da bacia.
O Paraíba do Sul tem capacidade de fornecer água para São Paulo, sem danos, em vários dias do ano, mas não em todos. A vazão firme, aquela que a bacia é capaz de entregar o ano todo, não comporta um cliente do porte da região metropolitana de SP.
E se a água for cedida só quando houver excedente?
Ainda que haja essa condição, hoje a bacia não tem excesso de água. Ela passa por um período seco e ainda tem sua água dividida por contratos, em torno dos quais se organizam indústrias, agricultura e municípios. Não podem simplesmente ser rompidos.
A contrapartida de o Cantareira oferecer água quando tiver excedente não pode ser interessante para o Rio?
Pode, mas é preciso ver se a sobra é necessária naquele momento. Há a tendência de as duas regiões terem o mesmo regime de chuvas e seca, então é provável que ambos os reservatórios tenham excessos e baixas simultaneamente.