Folha de S. Paulo


Uso de água federal é para 2015, diz Alckmin

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse ontem que o projeto de interligação do sistema Cantareira à bacia do rio Paraíba do Sul trará resultados apenas em 2015.

No cenário mais otimista, seriam necessários 18 meses para a conclusão das obras. Por isso, diz o governador, o projeto não tem relação com a atual crise de abastecimento da Grande São Paulo.

"Não tem nada a ver com o problema de agora", afirmou Alckmin, que acredita nas obras para uso do volume morto -aquele que está abaixo do nível de captação- para solucionar a crise deste ano.

O governo diz que a interligação aumentará a segurança dos dois sistemas, pois terá "mão dupla" -um vai emprestar água ao outro em situações extremas.

Alckmin negou que o projeto prejudicará o abastecimento do Vale do Paraíba e do Rio de Janeiro, pois só será usada água excedente. Segundo ele, se a regra fosse aplicada nos últimos dez anos, por exemplo, haveria só dois bombeamentos para o Cantareira.

"Em vez de alagar, vamos bombear e armazenar o excesso de água no Cantareira."

O governador disse ter conversado anteontem com a presidente Dilma Rousseff sobre o projeto porque ele depende de autorizações de agências federais de água e energia.

Motivos: a bacia do Paraíba do Sul atende a mais de um Estado e poderá haver impacto na geração de energia.

Editoria de Arte/Folhapress

OBRAS

O plano é fazer a interligação entre as represas Jaguari (Paraíba do Sul) e Atibainha (Cantareira), totalizando cerca de 15 km: metade por adutoras, metade por túneis.

Segundo o governo, são necessários quatro meses para projetos, licenças, autorizações e licitação. Sem atrasos, as obras ficariam prontas em mais 14 meses.

Para Rubem Porto, professor de engenharia hidráulica da USP, uma obra como esta leva cerca de dois anos.

A obra será de responsabilidade da Sabesp, que estuda usar o RDC (Regime Diferenciado de Contratações), mais ágil. O custo é estimado em R$ 500 milhões.

O governo diz que seus estudos previam a interligação apenas para 2020, mas decidiu antecipar a obra devido às "mudanças climáticas", que estão alterando o ciclo de chuvas.


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