Folha de S. Paulo


Conselho de sentença se reúne em júri do massacre do Carandiru

Os sete jurados que compõem o conselho de sentença do júri de dez policiais acusados de matar presos no quarto andar do pavilhão 9 do Carandiru, em 1992, reuniram-se por volta das 15h15 para responder às questões que definirão a sentença.

Serão respondidas, com sim ou não, 550 questões que podem absolver ou condenar os policiais. A sentença deverá ser anunciada nas próximas horas pelo juiz Rodrigo Tellini.

Devido ao grande número de réus e vítimas, o julgamento do massacre do Carandiru está sendo feito em etapas, conforme os andares do prédio da antiga Casa de Detenção.

Nesta fase, estão sendo julgados dez policiais militares do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) que, segundo a acusação, atuaram no quarto andar. Em 2013, 48 policiais da Rota foram condenados pelas mortes no primeiro e no segundo andares. Eles recorrem em liberdade.

Na tarde de hoje, houve a tréplica da defesa. A sessão foi marcada por ataques pessoais e bate-boca entre o defensor, Celso Vendramini, e os promotores Márcio Friggi e Eduardo Olavo Canto Neto.

"Escolham entre o bem, os policiais, ou o mal, que são os presos do Carandiru", disse o advogado dos réus aos jurados, após rebater pontos da acusação e declamar a letra da canção "É preciso saber viver", de Roberto e Erasmo Carlos.

Pela manhã, o promotor Márcio Friggi listou uma série de mortes em que os PMs do Gate se envolveram antes do massacre do Carandiru. Segundo o promotor, o comandante do Gate à época, capitão Mascarenhas, envolveu-se em 34 mortes até o início da década de 1990.

A principal tese da acusação é a de que houve excesso na atuação da PM dentro do antigo pavilhão 9. A defesa contesta, alegando que os policiais agiram no "estrito cumprimento do dever legal".

"Não confundam estrito cumprimento do dever legal com agir arbitrariamente e de forma ilegal ", disse o promotor aos jurados.


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