Folha de S. Paulo


Governo federal deve aprovar uso de água do Paraíba em SP, diz Alckmin

O governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) está otimista e acredita que o projeto que pretende bombear água do rio Paraíba do Sul para o sistema Cantareira será aprovado pela ANA (Agência Nacional de Águas).

Ontem, Alckmin foi a Brasília pedir à presidente Dilma Rousseff (PT) autorização para captar água da bacia do rio federal. "A posição da ANA eu entendo que seja favorável, pois não prejudica ninguém e vai aproveitar melhor o excesso de água [do rio Paraíba]. Foi boa a conversa".

No projeto proposto à agência, o governo do Estado utilizaria a água do rio federal somente quando o nível do sistema Cantareira estiver abaixo de 35% (hoje está em 14,7%), como é o caso deste período de estiagem. A ideia também é só utilizar o excesso de água do rio Paraíba, para não prejudicar os municípios que o utilizam como manancial de abastecimento. As reservas subutilizadas são usadas à geração de energia.

Editoria de Arte/Folhapress

"Quando o sistema Cantareira tiver em uma redução abaixo de 35% seria feito um bombeamento. Quando não estiver não será feito. Há uma regra operacional e ocorrerá apenas quando houver excesso de águas do Paraíba do Sul". Segundo Alckmin, esse projeto já está em estudo a bastante tempo.

O projeto estadual, que surge em meio a uma crise hídrica que vive a Grande São Paulo, também pretende captar água da represa Jaguari, na cidade de Igaratá, por meio de uma estação elevatória para atender o Cantareira.

Se implementada, a medida vai auxiliar na recuperação do sistema, que abastece 8,8 milhões de pessoas na Grande São Paulo.

O projeto, no entanto, enfrenta resistência de técnicos das cidades que são abastecidas pelo rio. Eles avaliam que o uso da água para a Grande São Paulo pode significar menos água tanto para o Rio de Janeiro quanto para as cidades do Vale do Paraíba, em São Paulo, que também recebem água do Paraíba do Sul.

A Folha apurou que o volume a ser retirado da bacia do Paraíba seria de 5.000 litros por segundo. Isso significa até 20% do que é produzido pelo sistema Cantareira. As operações previstas envolvem obras, como túneis ou canais.

Segundo o plano diretor de recursos hídricos de São Paulo, os custos, em sua totalidade, podem ultrapassar a casa dos R$ 300 milhões. O prazo para execução seria de mais de quatro meses.

MAIS SECO

Mesmo com a chuva que atingiu a região da Grande São Paulo ontem, o nível do sistema Cantareira, voltou a cair nesta quarta-feira (19). Segundo relatório diário da Sabesp, o volume de água no reservatório está em 14,7%.

Ontem, o sistema Cantareira tinha 14,9% de sua capacidade utilizada. De acordo com o relatório, nessa terça choveu 17,5 mm, o que não foi suficiente para suprir a demanda diária do sistema.

No acumulado do mês choveu 145,8 mm no manancial – 21% a menos que a média histórica para o mês que é de 184,1 mm.


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