Folha de S. Paulo


Segundo dia do júri do Carandiru começa com debates entre acusação e defesa

O segundo dia do julgamento do massacre do Carandiru está marcado para começar às 10h30 desta terça-feira (18). Hoje estão previstos os debates entre a acusação e defesa.

Essa fase pode durar até nove horas, de acordo com o Tribunal de Justiça. Primeiramente a promotoria deve expor os argumentos aos jurados. Em seguida é a vez do advogado dos réus apresentar a defesa. A acusação tem ainda direito a réplica e a defesa, a tréplica.

O julgamento, que estava previsto para durar de cinco a seis dias, deve terminar entre hoje e amanhã. Isso porque apenas três testemunhas das 11 previstas foram ouvidas ontem. As outras oito foram dispensadas pela Promotoria e pelo advogado dos réus.

Nessa etapa, dez policiais militares do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) respondem pela morte de dez detentos e a tentativa de homicídios de outros três no último andar do pavilhão 9 da Casa de Detenção.

Durante interrogatórios aos réus, ontem, todos negaram terem atuado no andar em que o Ministério Público os acusa de agir. De acordo com eles, o trabalho na tropa consistiu em desmontar as barricadas feitas pelos presos e agirem no penúltimo andar do pavilhão.

Negando ter atuado no último andar, a defesa dos réus tenta inviabilizar a acusação do Ministério Público. O promotor Eduardo Olavo Canto Neto disse ontem que a negação do andar é "uma das maiores mentiras já contadas no júri brasileiro" e afirmou que irá mostrar isso nos debates de hoje.

LIVROS

Ao final dos trabalhos no plenário, ontem, defesa e acusação entregaram documentos para que os jurados pudessem estar a par sobre detalhes do processo. Dentre os documentos entregues pela Promotoria estavam dois livros que tratam do massacre.

O advogado dos policiais, Celso Vendramini, questionou a entrega do material e afirmou ontem que poderá pedir a dissolução do conselho de sentença hoje. Caso o juiz acate, o julgamento poderá ser cancelado.

"Esses livros não estão no processo que está sendo julgado hoje. Eles estão no processo do coronel Ubiratan. Foi uma desonestidade por parte do Ministério Público", disse Vendramini.

A Promotoria, no entanto, afirma que os livros fazem parte do processo. "São livros juntados aos autos, um deles, inclusive, é um relatório de uma comissão formada por determinação do Ministério da Justiça. Não é um romance, ele conta tudo que aconteceu no dia dois de outubro de 92", disse Canto Neto.


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