Folha de S. Paulo


Grupos tentam barrar 78 km de corredores de ônibus em São Paulo

Moradores e comerciantes vêm se organizando em movimentos contrários à construção de corredores de ônibus em São Paulo.

Eles querem barrar, no total, 78 km de vias -uma ameaça à promessa de campanha do prefeito Fernando Haddad (PT) de entregar 150 km de corredores.

Segundo estimativas de técnicos da prefeitura, o alargamento e prolongamento de ruas e avenidas atingem cerca de 7.000 imóveis.

Representantes dos movimentos têm lotado o plenário da Câmara Municipal na tentativa de barrar a aprovação do projeto de lei que especifica o novo traçado das vias onde haverá corredores.

O líder do governo, Arselino Tatto (PT), garante já ter os votos necessários para que o projeto seja aprovado hoje, em primeira votação.

Editoria de Arte/Folhapress

A gestão petista, porém, deve aceitar uma emenda que retira a proposta de um corredor na av. Nossa Senhora do Sabará, cedendo à pressão da região. Até a aprovação final do texto, os movimentos devem voltar à Câmara para exigir outras mudanças.

Comerciantes da estrada do Alvarenga, que integrava o projeto do corredor da Sabará, por exemplo, querem excluir a via da lei.

Também há movimentos contra corredores na av. Belmira Marin (zona sul) e no Itaim Paulista (zona leste), onde a articulação é para alterar os projetos de corredores que passam pelas avs. Marechal Tito e D. João Neri.

"O governo quer fazer tudo rapidamente para mostrar na campanha, mas são projetos que mudam totalmente a região", diz Edson Coqueiro, 37, da Associação de Empresários do Itaim Paulista.

Segundo ele, os projetos vão afetar 3.500 empregos diretos com a desapropriação de 470 imóveis."Uma das propostas é que mudem o corredor da D. João Neri para as margens do córrego do Lajeado, onde há uma favela", diz.

Em Santana (zona norte), o alvo é o terminal de ônibus que fará parte do futuro corredor da 23 de Maio. O quarteirão do novo terminal tem um comércio tradicional que emprega 1.200 pessoas, de acordo com os comerciantes.

Insatisfeitos com as respostas da prefeitura, eles entregaram um dossiê com 153 páginas de fotos e mapas ao Ministério Público, pedindo providências.

O urbanista Flamínio Fichmann critica a tática da Prefeitura para as desapropriações e dá o exemplo do Metrô, que tem um departamento especializado em lidar com a comunidade.

"Por meio de um projeto de lei, o que a prefeitura quer é quase um cheque em branco para efetuar as obras quando for da sua conveniência", diz.

Diversos comerciantes temem que o pagamento seja pelo valor venal (oficial), e não pelo de mercado.

O secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, afirma que as desapropriações serão pagas rapidamente e com um valor justo.

Ele discorda que os movimentos ameacem o cumprimento da meta e afirma que a administração está disposta a negociar. "Está na Câmara para discussão. Estamos abertos a fazer ajustes", diz.


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