Folha de S. Paulo


'Volume morto' do Cantareira poderá ser usado a partir de julho, diz Sabesp

A reserva mais profunda de água do sistema Cantareira poderá ser utilizada para consumo da Grande São Paulo a partir de julho, segundo a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado).

A empresa começou nesta segunda-feira (17) as obras para instalar bombas que levarão a água do "volume morto" até as estações de tratamento da empresa. Essa água, que atualmente está abaixo dos sistemas de captação do Cantareira, com as bombas, poderá ser captada para o abastecimento da Grande São Paulo.

Esse "volume morto" nunca foi retirado e serve como uma reserva, mas recentemente a Sabesp foi autorizada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) a utilizá-lo depois do reservatório registrar os menores níveis de água da história. Nesta segunda-feira, sua capacidade chegou a 15%.

O uso dessa reserva é criticado pelo Consórcio PCJ (associação que reúne prefeituras, indústrias e entidades de 43 cidades da região de Campinas, Piracicaba e Jundiaí). Para o grupo, "dependendo da quantidade de chuva e do volume utilizado, o sistema pode nunca mais se recuperar como um todo".

Nelson Antoine/Parceiros Folhapress
Nível do sistema Cantareira volta a cair; consórcio diz que uso do 'volume morto' pode acabar com o sistema
Nível do Cantareira volta a cair; consórcio diz que uso do 'volume morto' pode acabar com o sistema

O complexo de represas do Cantareira é considerado um dos maiores sistemas de abastecimento do mundo. Somente na Grande São Paulo, ele produz 30 mil litros de água por segundo para abastecer 8,8 milhões de pessoas.

Como a Folha mostrou na última sexta-feira, o governo paulista vai precisar construir represas equivalentes a dois novos sistemas Cantareira até 2035 para que grande parte do Estado não fique sem água -principalmente as zonas metropolitanas da capital, Campinas e Baixada Santista.

Desde a semana passada, o governo de São Paulo reduziu a vazão do Cantareira para não esgotar o manancial. Para compensar a medida, nove bairros paulistanos deixaram de ser abastecidos pelo sistema e passaram a receber água dos sistemas Guarapiranga e Alto Tietê, totalizando 1,6 milhão de usuários.

A presidente da Sabesp, Dilma Pena, também afirmou que vai ampliar o período de aplicação do desconto de 30% na conta de moradores abastecidos pelo sistema Cantareira que conseguirem diminuir em pelo menos 20% o uso médio de água dos últimos 12 meses.


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