Folha de S. Paulo


Nova etapa do julgamento do Carandiru tem 4 homens e 3 mulheres no júri

Quatro homens e três mulheres foram escolhidos nesta segunda-feira para compor o júri da nova etapa do julgamento do massacre do Carandiru, que resultou na morte de 111 detentos em 2 de outubro de 1992.

Eles vão compor o conselho de sentença, que decidirá o destino de dez policiais militares acusados de matar dez detentos no quarto andar do pavilhão 9.

Nesse quarto bloco do júri, estão sendo julgados dez policiais do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais). Além das dez mortes, eles também são acusados por três tentativas de homicídios no quarto andar.

A escolha do júri começou por volta das 10h30 e só terminou às 12h10. A defesa recusou um dos jurados sorteados e o Ministério Público, outros três. Ambas as partes podem recusar, cada uma, três jurados sem justificar.

Todos os jurados foram submetidos à avaliação médica a pedido do juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo. Uma mulher foi dispensada por não ter sido aprovada pelo médico. Após a formação do conselho, o juiz suspendeu a sessão para almoço e a leitura de peças do processo.

Antes de entrar no fórum da Barra Funda (zona oeste de São Paulo), o advogado Celso Vendramini afirmou que as famílias dos 111 detentos mortos em 1992 deveriam processar o Estado.

"As famílias dos presos devem processar o Estado por não tomar as providências cabíveis. O erro todo foi do Estado, não houve exame de confronto balístico. Como acusar alguém que fulano matou sicrano sem provas? ", disse e reafirmou que seus cliente são inocentes.

As testemunhas de acusação deverão começar a ser ouvidas ainda hoje no plenário. O Ministério Público arrolou como testemunhas um perito, o ex-chefe de segurança do Carandiru e os três ex-detentos sobreviventes.

Já a defesa levará agentes penitenciários e o desembargador Fernando Antonio Torres Garcia. A previsão é que este júri dure de cinco a seis dias.

Devido ao grande número de réus e de vítimas, o julgamento do massacre está sendo feito em etapas, conforme os andares do antigo prédio. Em 2013, foram condenados 48 PMs por mortes no primeiro e no segundo andares. Eles recorrem em liberdade.

CONTINUIDADE

No mês passado, começaram a ser julgados 15 policiais do COE (Comando de Operações Especiais) da PM por oito mortes no terceiro andar. O advogado de defesa, porém, abandonou o júri após acusar o juiz de ser "parcial" e prejudicar a defesa.

O conselho de sentença foi, então, dissolvido. Os 15 PMs terão de voltar ao banco dos réus no próximo dia 31.

O juiz do caso, Rodrigo Tellini, multou o advogado por ter deixado o julgamento.

Hoje, Vendramini disse que permanecerá no fórum até o final da sessão e que todos os pedidos serão registrados em ata. "Só arredo o pé desse tribunal à noite, quando o juiz for embora", disse. "Não quero tumultuar julgamento nenhum."


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