Folha de S. Paulo


Famílias dos presos deveriam processar Estado, diz advogado do Carandiru

O advogado dos policiais militares acusados de participarem do massacre do Carandiru, Celso Vendramini, afirmou que as famílias dos 111 detentos mortos em 1992 deveriam processar o Estado.

"As famílias dos presos devem processar o Estado por não tomar as providências cabíveis. O erro todo foi do Estado, não houve exame de confronto balístico. Como acusar alguém que fulano matou sicrano sem provas? ", disse Vendramini e reafirmou que seus clientes são inocentes.

Nesta segunda-feira (17), dez policiais do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) serão julgado no fórum da Barra Funda (zona oeste de São Paulo) pela morte de dez detentos e pela tentativa de homicídio de outros três.

De acordo com advogado, os policias julgados nesta fase nunca estiveram no quarto andar do pavilhão 9, onde a Promotoria afirma que eles atuaram.

Para o advogado, o Ministério Público selecionou grupos da polícia para serem julgados, descartando policiais que, segundo ele, admitiram ter entrado com fuzis no Carandiru. "Queriam acusar a Rota, o COE, e o Gate, que são a tropa de elite da PM".

O sorteio dos jurados que irão compor o conselho de sentença começou às 10h30. Depois de sorteados, eles passarão por exame médico e, em seguida, as testemunhas da acusação deverão começar a ser ouvidas.

Devido ao grande número de réus e de vítimas, o julgamento do massacre está sendo feito em etapas, conforme os andares do antigo prédio. Em 2013, foram condenados 48 PMs por mortes no primeiro e no segundo andares. Eles recorrem em liberdade.

CONTINUIDADE

No mês passado, começaram a ser julgados 15 policiais do COE (Comando de Operações Especiais) da PM por oito mortes no terceiro andar. O advogado de defesa, porém, abandonou o júri após acusar o juiz de ser "parcial" e prejudicar a defesa.

O conselho de sentença foi, então, dissolvido. Os 15 PMs terão de voltar ao banco dos réus no próximo dia 31.

Hoje, Vendramini disse que permanecerá no fórum até o final da sessão e que todos os pedidos serão registrados em ata. "Só arredo o pé desse tribunal à noite, quando o juiz for embora", disse. "Não quero tumultuar julgamento nenhum."


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