Folha de S. Paulo


Matteo Amalfi (1932-2014) - Estilista de 'guerra das tesouras'

Nos anos 1960, o italiano Matteo Amalfi fez parte do que os jornais chamavam de "guerra das tesouras", ao lado dos estilistas Dener Pamplona (1936-1978) e Clodovil Hernandes (1937-2009).

Os três disputavam o título de maior costureiro do Brasil —na época, ninguém por aqui dizia estilista.

Enquanto seus concorrentes eram adeptos do "quanto mais pompa, melhor", ele preferia a alfaiataria clássica.

Em seu ateliê, no Jardim Paulista, área nobre de São Paulo, dedicava-se à criação de vestidos, "tailleurs" e peças para "mulheres de fino trato", tudo isso sem tirar o cigarro de entre os dedos.

Fumante compulsivo, não deixava o vício nem quando estava atendendo às clientes.

Entre 1980 e 1990, vestiu as aeromoças da TAM e das extintas Varig, Vasp e Transbrasil. Nas décadas anteriores, desenhou modelitos para candidatas à Miss São Paulo.

Ultimamente, fazia sucesso entre juízas e advogadas, realizando inclusive desfiles fechados na Associação Paulista de Magistrados.

Fazia questão de desenhar os vestidos usados pela irmã, cunhadas e sobrinhas em seus noivados e casamentos.

Letizia, aliás, servia de modelo para as criações do irmão Matteo desde pequeninha, logo que a família se mudou da Itália para a capital paulista, nos anos 1940. Foi também sua companheira de trabalho no ateliê.

De personalidade forte, era engraçado, mas sarcástico. Falava "muita besteira", até na frente das clientes.

Foi encontrado morto em seu apartamento na Quarta-Feira de Cinzas, vítima de um aneurisma. Tinha 81 anos. Deixa dois irmãos e sobrinhos.

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