Folha de S. Paulo


Garis são escoltados por policiais e guardas municipais nas ruas do Rio

O carnaval chegou ao fim e as ruas do Rio permanecem tomadas de lixo devido a uma greve de garis. Na manhã desta quinta-feira (6), policiais militares e guardas municipais estão escoltando funcionários da Comlurb - a companhia de limpeza urbana do município - escalados para remover a sujeira acumulada nos últimos cinco dias.

A medida foi tomada para impedir que grevistas hostilizem os garis que optaram por retornar ao trabalho. Na praça Marechal Deodoro, no centro, um grupo de sete garis trabalhava nesta manhã acompanhado por dois guardas municipais. Esta equipe acabou tendo problemas com menores infratores que circulavam pela região.

Após roubar um cordão de ouro de uma turista, um assaltante acabou detido por um dos garis na praça. O funcionário da Comlurb recuperou o colar e deixou o responsável pelo roubo sob a custódia de um dos guardas que fazia a escolta. O menor, no entanto, escapou e voltou ao local com outros colegas de rua para atacar os garis.

Eles lançaram pedras na direção da equipe da Comlurb. Após o incidente, a escolta na praça Marechal Deodoro foi reforçada por uma equipe da PM e outras duas da Secretaria Municipal de Ordem Pública.

Osvaldo Praddo/Agência O Dia
Garis são escoltados por guardas municipais para fazerem a coleta de lixo, em Botafogo, na madrugada de quinta-feira
Garis são escoltados por guardas municipais para fazerem a coleta de lixo, em Botafogo, na madrugada de quinta-feira

"Estamos trabalhando sob tensão, com ameaça de perder o emprego e ainda correndo risco de vida", disse Thiago Oliveira, 28, gari que quase foi atingido por um pedra. Oliveira pertence à divisão da Comlurb responsável pela limpeza urbana na região do Parque do Flamengo.

Outra equipe de garis trabalhou nesta manhã na Presidente Vargas, um dos pontos críticos, que acumula pilhas de lixo nas laterais das pistas e nas calçadas.

Cinco garis, com um trator da Comlurb, recolheram o lixo nesta avenida escoltados por quatro policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar.

A DEMISSÃO DE 300 GARIS

Na terça-feira (4), Vinícius Roriz, presidente da empresa municipal, determinou a demissão de 300 funcionários que deveriam ter voltado ao trabalho no turno da noite de ontem.

Um acordo firmado entre a Comlurb e o sindicato da categoria estabeleceu um reajuste de 9% para os 15 mil garis da cidade. Após a negociação do aumento na tarde de segunda-feira, a Comlurb exigiu que os funcionários voltassem imediatamente ao trabalho.

Mesmo assim, a empresa detectou faltas de 300 garis no turno da noite de segunda-feira. Ontem, o prefeito Eduardo Paes disse que, se todos voltassem às ruas nesta quinta-feira, as demissões anunciadas seriam canceladas.

GREVISTAS QUEREM SALÁRIO DE R$ 1.200

Iniciada na última sexta-feira (28), a paralisação está sendo conduzida por um grupo de dissidentes, que reivindica aumento do salário base de R$ 800 para R$ 1.200, além do pagamento integral das horas extras nos fins de semana.

O sindicato da categoria - que negociou o reajuste de 9% com a prefeitura - não aprovou a paralisação durante o Carnaval.

Um grupo de garis, no entanto, decidiu ir contra a decisão do sindicato e planejou a interrupção dos serviços em pontos cruciais do Carnaval carioca. A estratégia foi suspender a limpeza, principalmente, em áreas que concentram atividades ligadas ao Carnaval.

O ponto mais afetado é o centro da cidade, com grande número de blocos de rua e onde está situado o sambódromo do Rio.


Endereço da página:

Links no texto: