Folha de S. Paulo


Defesa de PMs diz que não há como culpá-los por mortes no Carandiru

A defesa dos 15 policiais militares, acusados pela morte de oito presos no massacre do Carandiru, afirmou na manhã desta segunda-feira (17) que não há como definir que seus clientes foram responsáveis pelas mortes no terceiro andar do pavilhão 9.

Editoria de Arte/Folhapress

De acordo com o advogado dos PMs, Celso Vendramini, a ausência de testes de balísticas impede que seja identificado os responsáveis pela morte. A defesa diz que nenhum teste para identificar de onde vieram os tiros que atingiram as vítimas foi feito. "O que faltou nesse processo foi a dedicação do Estado para que se chegasse os autores verdadeiros desse crime".

Nessa terceira fase do julgamento, 15 PMs do COE (Comando de Operações Especiais) respondem pela morte de oito detentos e outras duas tentativas de homicídios do terceiro andar do pavilhão nove, no Carandiru, em 2 de outubro de 1992.

Vendramini afirmou ainda que todos os réus irão depor e terão a oportunidade de apresentar suas versões ao júri.

Nos julgamentos anteriores, os policiais com patentes de soldado não falaram a júri, deixando que os PMS de patentes superiores respondessem pela tropa.

MOTIVOS

O advogado disse também que a rebelião no pavilhão 9 ocorreu após um detendo do Carandiru denunciar uma rebelião que teria acontecido em Guarulhos, um mês antes do massacre, e não por uma briga de futebol.

Para Vendramini, a entrada dos policiais foi necessária, uma vez que já havia ocorrido ao menos 20 mortes antes da entrada da PM. "Era preso matando preso."

Ele voltou a dizer que não nega que os réus efetuaram disparos, mas diz que nenhum deles apontou para os detentos. "Estava tudo escuro. Os presos atiravam contra eles [PMs] e eles revidaram os tiros em direção ao clarão que viam."

O julgamento, previsto para começar às 9h, ainda não havia iniciado por volta das 10h30. De acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo, o juiz estava passando informações aos jurados para iniciar o sorteio do conselho de sentença.

Serão escolhidos setes pessoas para compor o júri. Tanto a acusação quanto a defesa poderão descartar três jurados sorteados.

Em abril do ano passado, 23 PMs que entraram no primeiro andar do prédio foram condenados a 156 anos de prisão cada um, e outros três foram absolvidos após pedido da Promotoria. Na segunda etapa, em agosto, 25 PMs receberam pena de 624 anos.

A previsão do Tribunal de Justiça de São Paulo é que o júri dure uma semana.


Endereço da página: