Folha de S. Paulo


Rede social reúne entusiastas da maconha medicinal

Eles não são se consideram usuários típicos de maconha, pois não buscam recreação nem ter um "barato". São pessoas que defendem o uso da erva com fins medicinais. A página recém-aberta por eles em uma rede social, registrou cerca de 100 mil visitas e 1.500 adesões em dois dias.

A iniciativa, que tem como lema "apologia à cura", visa aumentar a pressão para que o Brasil libere o uso da maconha no alívio de sintomas de doenças que podem provocar dores severas e incômodos como insônia, espasmos, vômito, enjoo e falta de apetite.

Há relatos de benefícios, com comprovação científica, para a saúde de pessoas com câncer, esclerose múltipla, epilepsia, mal de Parkinson e Aids, entre outras doenças.

Avener Prado/Folhapress
Maria Antonia Goulart integra o grupo que defende a liberação da maconha medicinal
Maria Antonia Goulart integra o grupo que defende a liberação da maconha medicinal

Uma das expoentes da iniciativa criada no Facebook, com a página "Eu Uso Maconha Medicinal", a artista plástica Maria Antonia Goulart, 65, defende a liberação da erva.

Ela teve câncer no intestino, em 2007, e fez uso da cannabis para combater enjoos, falta de sono e dores ocasionadas pelos tratamentos.

Curada, desenvolveu fibromialgia, que causa dores diversas pelo corpo, e resolveu continuar usando maconha, mesmo na clandestinidade.

"A página foi criada para engrossar uma luta que visa melhorar a qualidade de vida de milhares de pessoas. A proibição é fruto de preconceito e de ignorância", diz.

A lei brasileira não permite produzir, consumir e comercializar a erva, prevendo penas de prisão para quem a descumpre.

DEPOIMENTOS

Um dos atrativos da página são depoimentos de pessoas que contam como a cannabis ajudou no processo de enfrentamento de enfermidades.

O relato do designer Gilberto Castro, 40, vítima de esclerose múltipla, já foi compartilhado quase 300 vezes.

"Esse boom foi uma surpresa. Em 15 minutos, recebi vários contatos de pessoas com o mesmo problema que eu e que usam a maconha. Espero que entendam que não estou cometendo um crime."

O neurocientista Renato Filev, 29, pesquisador e doutorando na Unifesp no programa de orientação e atendimento a dependentes químicos, é um dos entusiastas da iniciativa criada na internet.

Filev ressalta que a maconha clandestina envolve riscos, porque pode ter fungos e a composição adulterada.

Segundo o especialista, a cannabis medicinal deve ser vaporizada, não tragada.


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