Folha de S. Paulo


Para governo, morte de cinegrafista vai esfriar apoio a protestos

Interlocutores da presidente Dilma Rousseff afirmam que a morte do cinegrafista Santiago Andrade deve reduzir "drasticamente" o apoio da população às manifestações violentas.

Não há a expectativa de que os protestos minguem nem que os "métodos ruins" adotados por alguns grupos de manifestantes sejam abandonados, mas a avaliação é que o episódio contribua, e muito, para desmoralizar a tática da violência.

Por outro lado, o governo está preocupado com o surgimento, após o caso, de propostas consideradas "extremistas". A mais recente é a lei antiterrorismo, projeto cuja votação foi acelerada após a morte de Andrade.

Outra proposta vista com resistência na Esplanada é a do secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, que sugere penas mais duras para crimes em atos.

O Ministério da Justiça é contra qualquer iniciativa que limite a liberdade de expressão e analisa alternativas para coibir atos violentos.

Integrantes da pasta tentam articular com secretários de segurança de outros Estados uma posição comum sobre como lidar com protestos.

Conforme auxiliares presidenciais, manifestações pacíficas ainda preocupam a cúpula do governo. A avaliação interna é que, em junho, não foram as ações de "black blocs" que fizeram a aprovação do Palácio do Planalto cair, mas demandas difusas que tomaram as ruas do país.

A ideia para desmobilizar esse outro lado dos atos é investir na "popularização da Copa". Para a equipe de Dilma, quanto mais o povo participar do evento, mais apoio o torneio terá.

Uma das propostas é estimular a realização de festas e transmissões dos jogos em telões públicos ou em espaços contratados para esse fim, como escolas de samba.


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