Folha de S. Paulo


Expectativa de chuva volumosa só em março preocupa gestão Alckmin

O governo Geraldo Alckmin (PSDB) recebeu um estudo que aponta que somente daqui a um mês haverá chuvas volumosas no sistema Cantareira -que abastece 9,8 milhões de pessoas na Grande São Paulo e que atingiu seu menor nível histórico.

O relatório foi produzido por uma equipe do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e também foi entregue à Sabesp (companhia estadual de abastecimento).

O conteúdo do documento trouxe preocupação à equipe tucana, que, oficialmente, resiste em admitir a possibilidade de rodízio de água aos moradores servidos pela Sabesp. Em algumas cidades da Grande SP e interior já há racionamento a cargo de prefeituras.

A ordem no governo, por enquanto, é manter foco na divulgação do programa de estímulo à redução do consumo pela população -com desconto de 30% na conta. Internamente, porém, auxiliares de Alckmin consideram haver um cenário "de alto risco".

Para aliviar a situação dos reservatórios, as chuvas precisam atingir as represas na divisa entre SP e MG.

Mesmo com as chuvas que devem começar a se intensificar no fim de fevereiro e atingir maior volume em março, os reservatórios do sistema Cantareira devem estar em situação crítica em abril, no começo do período de seca.

Editoria de Arte/Folhapress

O quadro, segundo especialistas ouvidos pela Folha, vai continuar delicado até pelo menos outubro, quando deve ter início uma nova temporada de chuvas regulares.

Oficialmente, governo e Sabesp adotam discurso mais otimista, pelo qual as chuvas neste e no próximo mês amenizariam os riscos.

Ainda assim, as autoridades trabalham na elaboração de "novas iniciativas" para contornar a escassez de água caso as chuvas de fevereiro não sejam suficientes.

A Sabesp também tem monitorado os resultados do programa de economia lançado há dez dias, que prevê desconto em troca da redução de 20% no consumo de água. A adesão tem sido considerada "satisfatória", embora seja cedo para mensurar os impactos no sistema de abastecimento.

ABAIXO DA MÉDIA

"Nos últimos 26 meses ocorreram chuvas abaixo da média na região Sudeste", diz Willians Bini, meteorologista da empresa privada Somar.

Um estudo feito pelo meteorologista indica a dimensão do problema a ser enfrentado em 2014.

"Entre dezembro de 2012 e abril de 2013 choveu 700 mm sobre os reservatórios", diz Bini. "Isso fez com que o nível deles subisse de 40% para 60% durante o verão".

Como hoje as cinco represas do sistema Cantareira operam com menos de 20% de suas capacidades, e a Somar estima uma chuva acumulada por volta de 500 mm até abril, os reservatórios deverão começar a temporada seca do ano entre 35% e 40% de sua capacidade.


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