Folha de S. Paulo


Com estiagem, Campinas anuncia multa para quem desperdiçar água

Devido à maior estiagem da história e à possibilidade de racionamento de água em pleno verão, Campinas vai começar a multar quem desperdiçar água e já estuda dar desconto a quem economizar no consumo.

A Prefeitura de Campinas, terceira maior cidade do Estado, com 1,1 milhão de habitantes, antecipou de julho para fevereiro o início da aplicação de multas a quem for flagrado desperdiçando água.

As denúncias podem ser feitas pela própria população, pelo telefone 0800 772 1195, e o valor da multa será três vezes o preço da última fatura do cliente, em caso de reincidência. Na primeira fiscalização, o usuário receberá apenas uma notificação.

Além da medida, publicada nesta terça-feira (4) no "Diário Oficial" do município, o prefeito Jonas Donizete (PSB) pediu à Sanasa (Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento de Campinas) um estudo para oferecer desconto aos clientes que economizarem na conta de água.

"Em razão da gravidade do momento, com a falta de chuvas e o calor intenso, decidimos tomar a medida", disse Jonas.

No sábado, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) anunciou desconto de até 30% para clientes da região metropolitana de São Paulo que economizarem a partir de 20% do consumo médio nos últimos 12 meses.

CANTAREIRA

Dezembro e janeiro tiveram os menores volumes de chuva nas represas que formam o sistema Cantareira desde 1930, quando iniciaram as medições. Foram apenas 63 mm de chuva em dezembro e 88 mm em janeiro, contra uma média histórica de 227 mm e 260 mm, respectivamente.

Operado pela Sabesp, o sistema abastece diretamente 10 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo e indiretamente 5,5 milhões na região de Campinas –abastecida pelos rios provenientes das represas.

Hoje, o volume armazenado no Cantareira caiu para 21,2%, o menor valor desde que o sistema foi construído, em 1974. O rio Atibaia, que é abastecido pelo Cantareira e forma o rio Piracicaba quando se junta ao Jaguari, estava com apenas 11% de sua vazão normal em fevereiro.

RACIONAMENTO

"Se não chover até o dia 20, o racionamento é inevitável", afirmou Arly de Lara Romêo, diretor-presidente da Sanasa. "Estamos muito preocupados com essa situação", disse.

Vizinhas de Campinas, Valinhos e Vinhedo já enfrentam racionamento. Valinhos iniciou rodízio no fornecimento de água ontem e Vinhedo, em dezembro. A mesma situação é vivida em outras cidades do interior, como São Carlos e Descalvado.


Endereço da página:

Links no texto: