Folha de S. Paulo


Depoimento: Autoconfiança prega peça em motorista experiente

Tenho habilitação há 16 anos e me acho um condutor, vá lá, nota 7. Feita a introdução, tenho que confessar: minha experiência no simulador de direção foi um fiasco.

Foi ontem no final da tarde, numa autoescola da Casa Verde (zona norte), que alugou o equipamento há um ano.

Simulador torna mais cara 1ª carteira de motorista

Em oito minutos, deixei o motor morrer quatro vezes, tentei sair com o carro com o freio de mão acionado e andei mais devagar do que deveria em uma rodovia.

Mas o mais constrangedor foi, sob o olhar de um instrutor, ter acionado a marcha a ré com o carro em movimento -quatro vezes, devidamente sinalizadas na tela ao final da experiência.

Na vida real isso nunca ocorreu, eu disse ao instrutor. Não tiro da cabeça que a culpa foi do câmbio, em que a quarta marcha estava muito próxima da ré.

No final, tive a impressão de que condutores já habilitados olham com desdém para o simulador, uma espécie de autoconfiança de quem julga já ter passado por tudo atrás de um volante.

Ele assentiu: disse que submeteu motoristas experientes e de primeira viagem à máquina. Os novatos vão invariavelmente melhor.

Pela norma do Contran que passou a valer anteontem, apenas motoristas que se submetem pela primeira vez à habilitação terão que fazer aulas em simulador. Para renovação da carteira o equipamento não é exigido.

O realismo é relativo. Fica claro que se trata de um videogame mais sofisticado, por causa dos gráficos.

Mas há barulho quando se liga o carro e outras situações reais se põem diante do condutor, como a de neblina intensa ou de um carro que subitamente para na pista (o que faço, ultrapasso pela contramão ou buzino? Eu buzinei e o computador disse que eu buzinei demais).

Editoria de Arte/Folhapress

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