Folha de S. Paulo


Espanhol é condenado a 16 anos de prisão por lavagem de dinheiro no Rio

O espanhol Oliver Ortiz de Zarate Martin, 35, foi condenado pela Justiça Federal a 16 anos de prisão por lavagem de dinheiro e associação para o tráfico internacional no Rio de Janeiro. O estrangeiro já havia sido preso em junho pela Polícia Federal num apartamento triplex avaliado em R$ 3 milhões, próximo à praia da Barra da Tijuca, zona oeste carioca.

A decisão do juiz Fabrício Antonio Soares, titular da 3ª Vara Federal Criminal no Rio, saiu no último dia 9. O magistrado afirma que foram "comprovadas a materialidade e a autoria delitivas, razão pela qual é inevitável a condenação de Oliver Martin nas penas do artigo 35, 33 e 40, da Lei 11.343/2006".

Soares diz ainda que fica claro que o condenado converteu dinheiro ou bens ilícitos em capitais aparentemente lícitos. A denúncia da PF enumera 19 eventos de lavagem de dinheiro em que Oliver Martin estaria envolvido no Brasil e no exterior.

"Oliver ocultou e dissimulou a origem de valores oriundos de associação para o tráfico internacional de drogas, em 2011, ao declarar rendimentos no valor de R$ 23,7 mil, conforme informação prestada pela Receita Federal. Oliver teria, ainda, informado à Receita ser detentor de patrimônio de aproximadamente R$ 3,8 milhões", diz a denúncia.

Investigação aponta ainda que o espanhol acumulava bens móveis e imóveis estimados em R$ 20 milhões no Rio de Janeiro. Além do apartamento luxuoso na Barra, ele tinha uma mansão recém-comprada por cerca de R$ 4 milhões no Joá, também na zona oeste.

No dia da prisão do estrangeiro, foram apreendidas uma Ferrari Califórnia 2011, uma moto Harley-Davidson, uma picape Toyota e uma SRV Toyota Hilux SW4. No último mês, a Justiça Federal do Rio iniciou uma série de leilões de parte dos bens do estrangeiro, incluindo os veículos.

Na ocasião, o delegado da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes), responsável pelo caso, Paulo Teles, disse que o espanhol foi investigado pouco mais de um ano antes de ser preso, depois que a polícia australiana apreendeu um veleiro com 300 quilos de cocaína no país - vindo da Colômbia. Martins seria o negociador e fornecedor da droga.

O Brasil, no entanto, não estaria na rota do suposto traficante. A investigação aponta que o roteiro era sempre marítimo da Colômbia para a Austrália e países da Europa. Martin apenas vivia e injetava parte do dinheiro do tráfico em investimentos no Rio.

Martin cumpre pena num presídio de segurança máxima no Complexo de Bangu, zona oeste. A Folha não localizou o advogado do acusado para saber se ele irá recorrer da decisão.


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