Folha de S. Paulo


Buscas por operário desaparecido já passam de 35 horas em Guarulhos

Os bombeiros conseguiram acessar na madrugada desta quarta-feira o segundo subsolo onde eles suspeitam que pode estar o operário Edenilson de Jesus dos Santos, 24. Ele está desaparecido desde a noite de segunda-feira (02), quando o prédio em construção em que ele trabalhava desabou na Vila Leonor, em Guarulhos, na Grande São Paulo.

Segundo o capitão Carlos Roberto Rodrigues, as equipes trabalham na retirada das pilhas de entulho para aliviar a carga lateral e ter mais segurança para a busca de espaços onde o operário possa estar. Após este processo, os bombeiros retornam com os cães farejadores. Permanecem no local, 40 bombeiros, além de dois cães farejadores.

A retirada dos escombros da parte dos fundos do prédio também deve começar nesta quarta-feira, de acordo com o capitão.

"O que alimenta a esperança [de encontrá-lo vivo] é a historia de várias outras tragédias e catástrofes onde pessoas foram encontradas após bastante dias com vida. Todos aqui torcemos para que ele esteja em um espaço vital isolado. Nós sempre trabalhamos com essa possibilidade", afirmou o capitão.

Ontem (3), os bombeiros afirmaram já ter removido do local cerca de 130 toneladas de concreto do local. Com isso, foi encontrada a carteira de Santos. Os bombeiros também chegaram até a cama do operário, que estava intacta, e um chuveiro, que estava ainda ligado. As buscas então passaram a ser concentradas nesse ponto.

Segundo os bombeiros, o alojamento ficava no subsolo e era distante da parte central do prédio. Com isso, as vigas formaram uma "célula de sobrevivência", atingida apenas por alguns escombros. Apesar disso, não havia saída do prédio pelo local, o que poderia ter feito o operário seguir para a parte central do imóvel quando percebeu o desabamento.

O desabamento ocorreu por volta das 19h20 de segunda-feira, na avenida Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco. Ao todo, 15 operários trabalhavam no local, mas apenas dois dormiam na obra. Um deles foi encontrado na segunda-feira. Segundo os bombeiros, ele teria saído do prédio para comprar pão antes do acidente.

FALTA DE APOIO

A família do operário desaparecido após o desabamento do prédio reclama que ainda não foi procurada pelos responsáveis pela construtora para dar explicações, nem prestar qualquer tipo de apoio financeiro ou psicológico.

" Eles têm que procurar a família para poder dar uma explicação. Até agora ninguém deu explicação sobre nada", disse Gildásio Paulo Jesus dos Santos, encarregado de elétrica da obra e tio do operário desaparecido.

Segundo Santos, a família procurou os responsáveis, mas não obteve retorno. "Ninguém atende ao telefone", disse.

DOCUMENTOS

Segundo a Prefeitura de Guarulhos, o alvará da obra foi emitido em 23 de novembro do ano passado e autorizava a construção de um condomínio residencial de 30 apartamentos e dois salões comerciais, totalizando 3.706 metros quadrados.

Em maio a construtora Salema, responsável pela obra, entrou com pedido para adicionar um mezanino em um dos salões. O novo alvará foi expedido no mês passado, afirmou a prefeitura.

Apesar de legalizada pela prefeitura, trabalhadores do prédio dizem que o empreendimento apresentava constantemente rachadura. Edivaldo dos Santos, 36, irmão do operário desaparecido, disse ainda que os pilares eram constantemente reformados.

Editoria de arte/Folhapress
Editoria de Arte/Folhapress

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